quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PT promoverá seminário sobre Ética e Política


O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Bebedouro realizará, no dia 08 de dezembro, um Seminário com o Palestrante, Professor da USP, Valter Luis Lara, sobre Ética e Política. O evento será das 20 às 22 horas, no auditório da OAB. Os convites serão vendidos antecipadamente por R$ 10,00, que serão utilizados para cobrir as despesas com a organização do evento. Não haverá venda de convites no local. Segundo Luis Carlos de Freitas, presidente do Diretório Municipal do partido “esse é um bom momento para se discutir esse assunto, pois no meio político de nossa cidade, salvo honrosas exceções, os valores éticos parecem estar sendo desprezados”, alerta o dirigente.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PT se reúne dia 30 para pedir que Orpham assuma pré-candidatura

O ex-vereador Carlos Orpham ainda reluta em assumir sua pré-candidatura a prefeito pelo Partido dos Trabalhadores, alegando que assim seria mais fácil o diálogo com outros partidos visando uma aliança para 2012. Porém, o Diretório Municipal pensa diferente "nós fizemos um seminário de planejamento no mês de julho e definimos a candidatura própria, nosso candidato será o companheiro Orpham", diz o presidente da sigla, Luiz Carlos de Freitas. "Além disso, todos os partidos já estão colocando seus nomes na disputa, nós precisamos colocar o nosso também", completa o dirigente partidário.

Marcada para o próximo dia 30, domingo, a reunião ampliada do Diretório Municipal terá como ponto de pauta, entre outros itens, a cobrança para que Orpham assuma publicamente a condição de pré-candidato a prefeito nas eleições do ano que vem. Segundo o ex-presidente da Câmara, seu comportamento sempre foi de um "homem de partido", assim, o que for definido ele acatará.

sábado, 10 de setembro de 2011

O pronunciamento da presidenta e o teatro global

(Artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Ontem, dia 6, no Jornal Nacional da Rede Globo, o casal preferido de Ali Kamel, Willian Bonner e Fátima Bernardes, anunciou com uma voz grave e expressão de grande preocupação que a inflação do mês de agosto subiu para o patamar mais alto dos últimos anos chegando a um “perigoso” 0,37%. Em tom mais grave ainda Bonner disse que a inflação acumulada nos últimos 12 meses ultrapassou em muito a meta fixada pelo governo de 6,5%, ficando em, também perigosos, 7,23%. Isso, depois do comunicado à Nação proferido pela Presidenta Dilma por ocasião do Dia da Independência, onde ela deixa clara a posição de seu governo.

Dilma Rousseff foi cristalina ao dizer que a taxa básica de juros da economia, a Selic, que sofrera uma queda de 0,5% na semana anterior, continuaria encolhendo gradualmente e conclamou, a exemplo do que fez o ex-presidente Lula durante a crise passada, o setor produtivo a continuar produzindo, a indústria a continuar investindo e ampliando suas fábricas, os agricultores a continuar plantando e colhendo, e o povo trabalhador a continuar comprando e acreditando no país.

O que a Rede Globo quis dizer com os “graves” anúncios inflacionários é que Dilma tem que ter cuidado com a diminuição da taxa de juros, pois a inflação estaria subindo demais. Tem gente que não acredita que a emissora dos Marinhos trabalhe assim: defendendo os interesses mais mesquinhos de seus patrocinadores, os banqueiros, milionários e grandes especuladores. Eu, como tantos outros, não consigo ver de outra forma. A quem interessa a manutenção da taxa de juros lá em cima senão aos anteriormente citados e à oposição, que, mesmo não querendo a diminuição da Selic, usa isso como motivo para bater no governo. Quando digo que a oposição não quer de fato da diminuição dos juros é por que são eles os representantes diretos daqueles que ganham com a taxa alta.

A Globo sabe (o casal 20 talvez não, pois não estão lá para pensar e sim para cumprir as ordens e fazer as expressões teatrais dirigidas por Kamel) que falar de uma inflação mensal de 0,37% e uma anual de 7,23% nenhum impacto causa no povo que já conviveu com índices 10, 20 vezes maiores do que estes. Portanto o recado é mesmo para o Governo Dilma e, obviamente, vai continuar pelos próximos meses.

O importante é que a Presidenta parece firme no propósito de continuar baixando a taxa de juros. Assim a economia pode crescer mais e gerar mais empregos. O que eu ainda não vi, mas espero ainda um sinal positivo da nossa mulher forte é que seu Governo não pensa que aumento salarial gera inflação. Afinal a política e a ação sindical dos últimos anos de conquistar aumento real de salário não pode ser interrompida. Até por que, como a própria Presidenta disse em seu pronunciamento à Nação, é preciso que o povo continue comprando. Que assim seja então!

sábado, 13 de agosto de 2011

Para não dizer que não falei do lado bom

(artigo publicado originalmente no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Sempre digo, e ouço dizer, que as pessoas em geral dão mais importância para as coisas mal feitas do que para as coisas boas que acontecem no dia a dia. Nos jornais, tanto escritos quanto televisivos, a ênfase é sempre para as notícias ruins. Eu também às vezes caio nessa armadilha. Em meus textos, apesar de falar também de coisas boas, na maioria das vezes faço o contrário. Agente é assim. Mas não deveríamos ser. Para tentar, então, mudar essa lógica resolvi escrever hoje um texto positivo.

Nesta semana precisei ir por duas vezes à Receita Federal, lá no prédio do Bebedouro Shopping, ao lado do Savegnago Supermercado, e percebi algumas mudanças significativas. E para melhor! Lembrei-me que há uns dez anos escrevi um texto para um jornal da cidade “O Sucateamento do Serviço Público”. Nele eu comentava o processo de deterioração dos serviços prestados pelo Governo Federal sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso. No auge das privatizações, a alegação governamental era que a venda das empresas estatais seria importante, entre outros motivos, por que o dinheiro advindo das privatizações seria investido na melhoria dos serviços públicos. No entanto, criticava eu, a qualidade piorava bastante, ou pelo menos não melhorava em nada. No referido texto contei que precisei de uma informação da Receita, quando ela ainda funcionava na Praça Monsenhor Aristides da Silveira Leite, e recebi um atendimento péssimo. Além de ter apenas dois funcionários para atender uma fila enorme, fui abordado pelo vigilante de uma forma muito grosseira. Ao aproximar-me do balcão para pedir a informação, pelas minhas contas, sem nenhum constrangimento nem polidez o homem fardado de então, lascou: _ Fala! O restante dos meus comentários não é necessário lembrar.

Desta vez, depois de mais de dez anos, eu ali, sentado, com uma senha eletrônica na mão, aguardando minha vez de ser atendido por um funcionário qualificado depois de ter passado por um primeiro atendente, fiquei a pensar o quanto aquela repartição melhorou. O vigilante, muito educado, estava cumprindo exatamente a sua função, vigiar. Cadeiras adequadas para se sentar, ar condicionado, lugar asseado e agradável, em nada se parece com a repartição pública de outros tempos. A espera foi pouca e o atendimento foi rápido e eficaz. A junção com a fiscalização previdenciária, que funciona no mesmo lugar, parece ter dado certo. É claro que alguns problemas ficaram por resolver, principalmente em relação à equiparação salarial dos servidores e outras questões relativas às condições de trabalho. Porém, a mudança para melhor é a olhos vistos.

Na mesma linha vai o atendimento no INSS. As intermináveis filas de antanho não existem mais e é possível hoje ser atendido com hora marcada. Um benefício pode ser concedido em alguns minutos se a documentação estiver toda em ordem. As greves dos funcionários do Instituto eram constantes e faziam com que os processos atrasassem ainda mais. Hoje as coisas estão diferentes também nessa área, as greves são bem mais escassas. Logicamente, da mesma maneira que acontece na Receita Federal, os problemas funcionais e salariais ainda existem e são relevantes. Porém o esforço para solucioná-los tem sido maiores. Assim, o atendimento ao público na Previdência Social também melhorou bastante. E vejam que interessante: isso acontece exatamente num período em que saiu da pauta do governo a política de privatizações, portanto, sem nenhum dinheiro vindo da dilapidação do patrimônio do povo brasileiro.
Puxa vida, não foi tão difícil assim! Se a gente quiser procurar alguma coisa boa, não é que acabamos achando!?

domingo, 24 de julho de 2011

A vida muda, alguns homens não

(Artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Na semana retrasada participei de um congresso em São Paulo e, num momento em que as discussões não estavam nada interessantes, lembramos, eu e mais dois colegas, que a Seleção Brasileira e a Paraguaia estavam se enfrentando pela Copa América. Um deles ligou o celular (smart phone) e através dele assistimos ao final da partida que terminou em 2 a 2. Alguns dias depois, já em casa, resolvi pedir um sanduiche num Disk Lanches localizado no setor norte da cidade. Ao telefone, depois de fazer o meu pedido, passei meu endereço e perguntei se eles aceitavam cheque, pois estava sem dinheiro. Do lado de lá da linha o atendente me perguntou: _mas o senhor não tem cartão? _Tenho, por quê? Você tem a maquininha? Respondi, com outra pergunta. _Temos sim, o motoboy leva e passa o seu cartão. E assim foi feito. Paguei meu “x salada” com o cartão.

A nossa forma de viver se transforma com os avanços tecnológicos. Às vezes não nos damos conta disso, mas se pararmos para analisar com detalhes veremos o quanto tudo mudou em tão pouco tempo. A tecnologia não pode vir para gerar infelicidade, desemprego, nem fortalecer vícios consumistas, tem que vir para servir ao homem e melhorar a vida em sociedade. É assim que devemos entender esses avanços.

Em termos sócio-econômicos as coisas também tem mudado bastante. Segundo dados do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego, no primeiro semestre deste ano foram criados 1,4 milhão de novas vagas no mercado de trabalho brasileiro. Algo inimaginável uma década atrás, quando se gerava algo em torno disso num período de 10 anos. No dia 12 de junho saí com a família para almoçar fora. Nos quatro restaurantes que procurei não havia mesa vazia e ainda tinha uma boa fila de espera.

Outro fato marcante dessa transformação é que minha atual empregada doméstica, de vez em quando, vai trabalhar de carro. A empregada anterior comprou um carro zero Km da mesma marca e modelo do meu Uno Mille/95. Isso me faz lembrar uma entrevista que assisti com o ex-jogador Raí falando sobre sua vida na França quando jogava pelo Paris Saint Germain. O ídolo do São Paulo Futebol Clube dizia que lá na “Cidade Luz” a vida era diferente, a realidade social era diferente, “minha filha freqüenta a mesma escolinha que a filha da minha empregada”, contava o politizado ex-craque que até hoje toca projetos sociais no Brasil. Ainda não vivemos a mesma realidade da França, na verdade o Brasil ainda tem grandes contradições; ao mesmo tempo em que pode entrar, num futuro breve, para o grupo das cinco maiores economias do mundo, ostenta também a desonrosa posição de 10ª nação em pior distribuição de renda. Para continuarmos caminhando rumo à construção de sociedade mais próxima daquela dos nossos sonhos é preciso, além de políticas públicas, generosidade e grandeza política por parte de nossas elites acostumadas a excessiva acumulação de riquezas.

O combate permanente à corrupção na administração pública também é fator preponderante para crescermos enquanto organização social autônoma e soberana. Por isso a Reforma Política se reveste de grande importância neste momento em que avançamos em termos sócio-econômicos, porém patinamos na lama da corrupção e falta de caráter das administrações em todos os níveis. Da municipal não é nem necessário falar mais.

sábado, 2 de julho de 2011

A goleada tricolor e a política local

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

O time do São Paulo entrou em campo domingo passado contra o Corinthians com cinco desfalques. O técnico Paulo Cesar Carpegiani não pode escalar Miranda, Rodolfo e Casemiro por motivo de contusão; Juan e Rodrigo Solto por cumprirem suspensão automática, e Lucas por estar na Argentina com a Seleção Brasileira disputando a Copa América. Alguns reservas também estavam sem condições de jogo, como por exemplo, Henrique Miranda, garoto de 18 anos, reserva de Juan. A um time já muito jovem e inexperiente, se somou, então, mais um garoto da base são-paulina, Rodrigo Caio, este de apenas 17 anos de idade. Para piorar a situação, durante a partida, o time tricolor perdeu Carlinhos Paraíba expulso aos 40 minutos do primeiro tempo, o único mais rodado naquele meio campo de moleques.

Eu imagino que o treinador pensou “perdido por um, perdido por dez”, depois que o corintiano Danilo fez o primeiro gol logo no início do segundo tempo, pois de qualquer forma o time perderia três pontos. Assim, deixou o “soberano”, mesmo com um homem a menos, com três atacantes e dois garotos para cuidarem de marcar os experientes rivais. Resultado: uma goleada histórica de cinco a zero, com direito a chocolate e frango do goleiro Rogério Ceni.

A vida é assim. Essas coisas acontecem! Na nossa política bebedourense as coisas têm acontecido mais ou menos dessa forma. Parece que o povo está perdendo de goleada. E o pior é que o jogo dura quatro anos (ou mais). A goleada começou na campanha eleitoral com promessas mirabolantes e impossíveis de serem cumpridas. Depois veio a formação do time: parentes e gente inexperiente para todo lado. Isso, sem falar na falta de capacidade e boas intenções de alguns. Depois vieram a desilusão do povo ao ver que os compromissos de campanha era tudo balela e a tal da “operação cartas marcadas”, que chocou a todos nós. Contar com o técnico do time, então, nem pensar.

Eu, que sou são-paulino e bebedourense, sofro duas vezes, pela goleada que sofremos do alvinegro do Parque São Jorge e pela derrota acachapante que tomamos na política local. Para aqueles que são torcedores do Timão a tristeza é menor, pois não é sempre que se dá um coco em um tri-campeão mundial, tri-campeão da Libertadores e hexa brasileiro. Minha esperança é que o time de Ceni se reerga, toque a vida para frente e, quem sabe, seja campeão brasileiro pela sétima vez (enquanto eu escrevia este texto ainda não tinha acontecido o jogo contra o Botafogo e eu torcia para o tricolor vencer). Oportunidade e tempo para se reabilitar a equipe do Morumbi tem. Quanto à reabilitação da situação política em nossa cidade, essa vai demorar pelo menos mais um ano e meio. Isso, se não piorar!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Palestra Espírita

Na terça-feira passada, dia 21/06/, fiz uma breve palestra no Centro Espírita "Do Calvário ao Céu". Gostei muito desse trabalho. Foi muito gratificante para mim poder contribuir com uma reunião onde pessoas vão em busca de algum alento, de alguma palavra de conforto para aliviar suas dores. Abaixo reproduzo parte dela.

Boa noite, companheiros e companheiras de jornada evolutiva e de ideal espírita.

Para mim é uma grande alegria estar aqui nesta noite trazendo algumas reflexões sobre nossa vida à luz da doutrina espírita. A esta casa e a todos vocês meus agradecimentos pela oportunidade de estar aqui nesta noite.

Aqui em nossa Casa temos vários cursos e grupos de estudo. Temos um curso de mediunidade as quintas-freiras, temos o ESDE – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, também às quintas-feiras, temos o estudo do Livro dos Espíritos e outros. Um dia desses, nós participávamos de um desses cursos e um companheiro nosso, trabalhador da casa, nos contou uma história... uma história real, que aconteceu com pessoas de seu relacionamento, seus parentes. Aconteceu quando esse nosso companheiro era criança, com uma tia sua.

É uma história interessante e apropriada para se contar aqui, por isso eu resolvi contar para vocês. Essa senhora era casada e tinha três filhos pequenos, vamos chamá-la de Maria. Ela, o Marido e os filhos moravam num pequeno sítio, numa casa pequena e muito simples. A certa altura, quando seus filhos ainda eram pequenos, o esposo, vamos chamá-lo de João, os abandonou. Mudou-se para a cidade e lá constituíra outra família, com outra mulher com quem teve, segundo nos contou esse nosso companheiro do curso, onze filhos. João estava com uma situação financeira muito boa, porém nunca ajudou Maria e seus três filhos. Simplesmente os abandonara. Logicamente Dona Maria passara grandes dificuldades, precisando, muitas vezes, do apoio e da ajuda financeira da família. O interessante é que ela sempre que se referia ao João dizia “o meu marido”, “o meu marido”. E todos perguntavam, mas como Maria “seu marido”? Ele te abandonou, você e as crianças! E você continua chamando-o de “seu marido”? Mas ela continuava a chamá-lo assim e não tinha, aparentemente, nenhum rancor por ele.

O tempo passou, eles envelheceram, o dinheiro acabou e João ficou doente. Foi diagnosticado o câncer e João precisou ser transferido para a Capital para fazer o tratamento. Sua atual esposa não quis viajar com ele. Simplesmente o colocou num ônibus e o despachou para São Paulo. João foi recebido na casa de um dos filhos do primeiro casamento com Maria, que já era casado e morava na Capital. Ao saber que João estava doente e hospedado, sozinho, na casa de seu filho, Maria não teve dúvidas, mudou-se para lá também e cuidou dele durante todos os dias. Dava-lhe os banhos, os remédios, a alimentação, carinho, amor fraterno. Assim foi até que João desencarnou. Com Maria sempre ao seu lado.

Passaram-se mais alguns anos e Maria também desencarnou. Lá do plano espiritual ela fez de tudo para comunicar-se com a família. Certa vez, esse companheiro que nos contou a história já era casado e ele nos conta que Maria deu uma comunicação através de sua esposa e ela disse assim: “O seu tio João está precisando muito de orações para poder reequilibrar-se psiquicamente, peça a todos os nossos familiares que orem por ele, por favor”.

Como será que nós nos comportaríamos no lugar de Maria? Será que teríamos o mesmo comportamento a mesma compaixão? Provavelmente alguém diria: bem feito, aqui se faz , aqui se paga! Muito provavelmente outros até ficariam bravos com o filho por ter recebido o pai em casa para se tratar. Dizendo que ele havia desprezado a família a vida toda e agora ninguém deveria ajudá-lo. Mas não foi isso que fez Maria, aliás, nem o filho, que o recebeu em sua casa e também o amparou. Maria fez, então, exatamente o contrário. Cuidou-lhe com amor e carinho.

Essa história fala dessa relação de amor fraterno de uma mulher para um homem, mas é claro que deve ser assim também de um homem para uma mulher. Nós homens somos muito machistas e as vezes achamos que só as mulheres devem ser carinhosas e abnegadas. Não é assim, não. Nós, homens temos que agir assim também. Nós sabemos que o espírito não tem sexo, não tem gênero. Não existem espírito masculino e espírito feminino. Espírito é espírito. Mas as mulheres realmente parecem ter progredido mais na esfera dos sentimentos em relação a nós homens.

Este sentimento, então, de amor fraterno, de abnegação, de carinho deve haver também ma relação entre mãe e filho, de filho para mãe ou pai, de amigo para amigo, enfim todos nós devemos ser caridosos para com o nosso próximo.

Aqui vale a pena lembrar que caridade, conforme a entendia Jesus e nos orienta a nossa querida doutrina espírita, é: benevolência para com todos – indulgência (tolerância, compreensão) para com as imperfeições alheias – perdão das ofensas. Então é assim que devemos proceder. Caridade não é pura e simplesmente dar uma esmola, uma ajuda material a alguém que está necessitado. É também, dependendo do sentimento que está envolvido nessa doação. Não pode ser uma doação apenas para nos livrar do problema. Para ser caridade é preciso ser benevolente e isso envolve sentimento, amor fraterno.

Nós sabemos que não é fácil agir como Maria, mas precisamos nos esforçar nesse sentido. Tanto não é fácil que Jesus precisou vir pessoalmente, encarnado em missão, para nos dizer que sermos caridosos é importante, é fundamental. Tanto difícil como importante, por que se não fosse também importante, Jesus não teria também vindo pessoalmente nos dizer essas coisas. Não é?

Além do Chico Xavier, tem outro Chico que eu gosto muito. Esse outro não é trabalhador da seara religiosa, é da cultura, da música e da poesia. Trata-se de Chico Buarque de Holanda. Ele tem um poema que diz mais ou menos assim:

Solidão (Francisco Buarque de Holanda)

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear...

Isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...

Isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...

Isto é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...

Isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...

Isto é circunstância.

Solidão é muito mais do que isto.

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

O que será que é perder-se de si mesmo? Quando li esse poema parei para fazer essa reflexão. O que é afinal perder-se de si mesmo?

Perder-se de si mesmo é quando deixamos a nossa essência de lado. É quando deixamos de nos comportar como seres humanos. Por que Deus nos criou para sermos felizes e praticarmos o bem. Então, nos perdemos de nós mesmos é quando somos egoístas, orgulhosos, vaidosos. Nos perdemos de nos mesmos quando não praticamos a caridade na sua essência: benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas.

Maria, então, sentiu solidão em todos esses anos de rejeição? Nos parece que não. Provavelmente ela tenha sentido carência, pois não tinha o companheiro do lado para conversar, para namorar... mas certamente nunca se sentiu só, por que continuou sentindo e praticando o amor fraterno.

Provavelmente ela tenha sentido saudade, pois pressentia que o companheiro jamais voltaria, mas solidão não. Provavelmente ela tenha se desequilibrado em alguns momentos, provavelmente tenha sentido um vazio de gente ao seu lado, mas solidão certamente ela não experimentou, porque nunca perdeu a sua essência, nunca perdeu-se de si mesmo.

O próprio Jesus nos fala, pelo menos os evangelistas assim nos deixaram em suas escrituras:

"Reconcilia-te com seu inimigo enquanto ele caminha ao seu lado, por que depois quando estiverem separados será mais difícil. Pague, resgate suas dívidas, por que senão virá o fiscal e depois virá o juiz e você será atirado no cárcere e de lá não sairá até que tenha pago o último ceitil, o último centavo”. Jesus está nos dizendo aí da necessidade que temos que perdoar de resgatar nossas dívidas, desta e de vidas passadas, e que façamos agora que estamos juntos encarnados, aqui no plano físico, talvez até na mesma família, por que depois quando estivermos separados pela morte do corpo, um encarnado, outro no plano espiritual e vice-versa será mais difícil. Mas a lei é implacável e certamente o faremos através das reencarnações sucessivas. Façamos, então, agora o que tem que ser feito, praticarmos o amor fraterno em relação a todos os nossos companheiros e companheiras de jornada na Terra.

Que Deus nos abençoe... Que possamos conquistar a paz e a serenidade para enfrentarmos os desafios da vida. Que assim seja!

sábado, 14 de maio de 2011

13 de maio: comemorar o que?

(artigo publicado originalmente no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

O dia 13 de maio não é o melhor dia para se debater a questão do povo negro no Brasil, já que nesse dia se deu mais uma farsa produzida pela elite branca, a tal da abolição da escravatura prescrita pela Lei Áurea assinada pela Princesa Izabel. Junto com o movimento negro penso ser mais apropriado o dia 20 de novembro, aniversário da morte de Zumbi dos Palmares e dia da Consciência Negra. Contudo, é bom não perder a oportunidade de falarmos de tema tão palpitante e necessário.

Num país onde a escravidão do povo negro durou três séculos e foi o último no mundo ocidental a aboli-la, os problemas enfrentados por essa população não foram e não são pequenos. Do seqüestro violento nas terras do continente africano ao acorrentamento nas senzalas, passando pelo transporte degradante, a violência só não foi maior que a sede de liberdade que se deu por obra deles próprios, não da princesinha loura de olhos azuis. Liberdade parcial, pois como diz o famoso samba enredo da folia de Momo do Rio de Janeiro “... livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela...”.

O preconceito e a discriminação, muitas vezes negados por quem não quer ver a realidade, sempre estiveram presentes no dia a dia do afrodescendente em nossa sociedade. Para não citar exemplos mais próximos, na semana passada a Escola de Samba Vai-Vai, campeã do carnaval da capital paulista, se apresentou no Clube Atlético Paulistano juntamente com o seu homenageado desse ano, o Maestro João Carlos Martins. Obviamente, o fato gerou muitos comentários sobre o racismo, pois o Paulistano foi o mesmo que decidiu encerrar seu departamento de futebol no final da década de 1920 por não concordar com a presença de negros em seu time. A elite branca do clube preferiu encerrar uma bem sucedida carreira do time 11 vezes campeão paulista a aceitar a presença de negros. Só em 2005 o clube aceitou o primeiro sócio negro, Mauro Silva, campeão mundial de futebol em 1994 com a seleção brasileira. Há alguns anos atrás o Clube chegou a proibir que babás negras usassem sapato aberto em suas dependências. O fato de a Vai-Vai se apresentar ali pode ser que represente certo avanço, porém está longe de redimir sua história racista. Esse é apenas um exemplo da infinita gama de discriminações que pululam diariamente em todos os ambientes e setores da nossa organização social.

Como dirigente sindical bancário pergunto a mim mesmo e aos cartolas, evidentemente brancos, do sistema financeiro: _ por que não há negros e negras trabalhando nas agências bancárias? Essa é uma pergunta que está sem resposta há anos. Nossa proposta é que se contrate esses trabalhadores e trabalhadoras na mesma proporção de sua presença na população nas diversas regiões brasileiras. Outras representações também fazem essa reivindicação inclusiva em suas categorias profissionais e/ou ramos de atividade, mas o debate patina.

Uma sociedade só será realmente livre e desenvolvida, além de distribuir equitativamente a renda, se combater o preconceito e respeitar as diferenças. Esses são exercícios que precisamos praticar a todo instante até que o sentimento fraterno impregne nossos corações e mentes.

domingo, 1 de maio de 2011

1º de Maio, a luta continua!

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

O 1º de Maio tem sentido de luta e de luto. Nessa data, no ano de 1886, os líderes dos trabalhadores da cidade de Chicago (EUA) Parsons, Spies, Fischer e Engel foram executados pela justiça americana, Schwab e Fielden pegaram prisão perpétua e Lingg teria se suicidado em sua cela. Eles foram acusados de estourarem uma bomba no meio de uma manifestação dos operários, o que depois se comprovou ter sido armado pela própria repressão para incriminá-los. A luta daqueles trabalhadores era, entre outros motivos, por melhores condições de trabalho e pela redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Spies em sua última defesa se manifestou assim: "Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, espera a redenção – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!".

Parsons em seu último discurso registrou "Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo, o pão é a liberdade, a liberdade é o pão". Fez um relato da ação dos trabalhadores, desmascarando a farsa dos patrões com minúcias e falou de seus ideais: "A propriedade das máquinas como privilégio de uns poucos é o que combatemos, o monopólio das mesmas, eis aquilo contra o que lutamos. Nós desejamos que todas as forças da natureza, que todas as forças sociais, que essa força gigantesca, produto do trabalho e da inteligência das gerações passadas, sejam postas à disposição do homem, submetidas ao homem para sempre. Este e não outro é o objetivo do socialismo".

De lá para cá as coisas melhoraram, mas ainda temos muito que avançar. Na ordem do dia das manifestações desse ano deverão estar bandeiras como a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, o que, segundo cálculos do Dieese, geraria algo em torno de dois milhões de novas vagas no mercado de trabalho. O fim do fator previdenciário, que vem diminuindo o valor das aposentadorias desde dezembro de 1998, também é reivindicação de destaque nesse Dia do Trabalhador de 2011.

Aliás, os problemas na Previdência Social vão além do fator previdenciário. Exemplo disso foi o protesto realizado por dirigentes de sindicatos cutistas de todo o país, inclusive bancários, realizaram no dia 26 de abril durante a abertura do 3º Congresso Brasileiro de Perícias Médicas, no Rio de Janeiro. As perícias médicas têm sido uma fonte de sofrimento adicional para os trabalhadores acidentados no Brasil. A dificuldade começa na hora de agendar a perícia médica e prossegue na hora do atendimento. A maioria dos peritos não reconhece os acidentes de trabalho e, sobretudo, as doenças, além de determinar alta médica às pessoas sem a menor condição de retornar ao trabalho.

A pauta em debate nesse congresso denunciou os problemas de compreensão da realidade do trabalhador por parte dos profissionais. Nenhum tema como modelos de organização da produção e do trabalho, ritmo de trabalho, metas abusivas de produtividade, e outras questões que têm adoecido milhares de trabalhadores no mundo e no Brasil foram abordados. Pelo contrário, os principais assuntos debatidos no evento foram simulações e identificação de fraudes.

Enquanto isso a dura realidade é que o trabalhador, já fragilizado pela sua condição de saúde, chega para fazer o exame sob a desconfiança do perito, que parte, salvo honrosas exceções, do pressuposto que o empregado está simulando a doença para receber o benefício, numa visão preconceituosa e que demonstra falta de conhecimento da realidade do mundo do trabalho.

sábado, 16 de abril de 2011

Vôlei Futuro contra o pré-conceito, valeu!

(artigo publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Sábado passado liguei a televisão num canal de esportes, estava passando Vôlei Futuro versus Cruzeiro pelas semifinais da superliga masculina; o estádio na cidade de Araçatuba estava lotado e todos, ou quase todos, traziam nas mãos balões “bate-bate” cor de rosa com o nome do jogador Michael, do Vôlei Futuro; quando o jogo parava a torcida estendia uma enorme bandeira preta com a inscrição “vôlei futuro contra o preconceito”; o líbero do time de Michael, Mário Júnior, aquele jogador que entra em quadra com o uniforme de cor diferente dos demais, vestiu uma camisa estampada com as cores do arco-íris, símbolo do movimento dos homossexuais, ou homoafetivos, como prefere dizer uma amiga minha que assim se autodenomina; trabalhadores e trabalhadoras do ginásio também estavam usando camisetas cor de rosa com inscrições anti-preconceito; tudo isso porque no jogo anterior Michael foi vítima de um coro da torcida adversária toda vez que pegava na bola, principalmente para sacar “bicha, bicha, bicha...”; corajosa e muito feliz a postura da direção do Vôlei Futuro, dos atletas, do líbero Mário Júnior, da torcida e principalmente de Michael, que jogou de cabeça erguida, fez onze pontos e seu time venceu por três a dois, provocando uma terceira partida para decidir quem vai para a final da competição; Michel agradeceu a todos pelo apoio e disse que agora é preciso deixar isso de lado, embora reconheça que a luta contra a homofobia deve continuar; não pude deixar de comparar com um fato parecido ocorrido recentemente no mundo do futebol quando Richarlison, então no São Paulo Futebol Clube, sofreu discriminação parecida de um dirigente de outro clube, primeiro que ninguém, nem o clube, nem jogadores, nem comissão técnica, ninguém, levantou um único dedo para repudiar o preconceito homofóbico, nem o próprio jogador o fez, em vez de denunciar o agressor por crime de pré-conceito entrou com ação por danos morais, o que deixou, certamente, o movimento dos homoafetivos fulos da vida, a coisa ficou desse jeito e até hoje jogadores e torcedores são-paulinos são chamados de “bambis” pelos adversários; como Richarlison está defendendo as cores do Clube Atlético Mineiro talvez esse apelido apareça também por lá, já que ninguém parece ter a coragem de tomar atitudes como a do Vôlei Futuro, dando espaço para que pessoas como um tal deputado federal Jair Bolsonaro dispare num programa de TV que homoafetivos têm desvio moral e má educação; coincidentemente essa semana a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro - Contraf-CUT – distribuiu a todos os dirigentes bancários do país uma cartilha denominada “Construindo a igualdade de oportunidades”, alertando que todos nós somos responsáveis por combater o pré-conceito e a discriminação no local de trabalho e fora dele, que não são apenas uma questão de intolerância às diferenças ou negação da cidadania, são também instrumentos a serviço do capital para aumentar a exploração sobre o trabalho, por isso devem ser combatidos e eliminados; a construção de uma sociedade mais justa e igualitária passa obrigatoriamente por reconhecermos e aceitarmos as diferenças; se você achou esquisito o jeito que escrevi esse texto, num parágrafo só, olha o pré-conceito, eu gostei.

sábado, 26 de março de 2011

Reforma Tributária: menos impostos sobre consumo

(artigo publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Ninguém sabe se permanecerão, mas hoje estão na agenda política do país dois pontos considerados fundamentais, a reforma política e a reforma tributária, opinião com a qual comungo. O que não há consenso é em relação a qual seria a melhor reforma. Quero aqui me ater à reforma tributária. Para nós dirigentes sindicais cutistas taxar os mais ricos e desonerar os mais pobres devem ser a base fundamental da reforma. Com o objetivo de aprofundar o tema a Central Única dos Trabalhadores realizou no último dia 22 de março, em Brasília, um seminário internacional sobre reforma tributária que discutiu propostas para uma mudança no sistema de cobrança de impostos do ponto de vista dos interesses dos trabalhadores. A criação de uma estrutura tributária progressiva (quem tem mais paga mais, quem tem menos paga menos) foi o principal ponto defendido pelos participantes do seminário.

Historicamente, em nosso país não há justiça tributária. Mais recentemente, o aumento da capacidade arrecadadora do estado brasileiro, causada pelo crescimento econômico, não foi revertida a quem deveria se beneficiar dela, os mais pobres. Os gastos com educação e saúde, por exemplo, que atendem a população mais pobre da sociedade, recebem os mesmos 15% do PIB de duas décadas atrás.

A desproporção na tributação atual é flagrante. Para a população mais rica as possibilidades de isenção fiscal são grandes e para os pobres não, já que o imposto incide sobre os produtos consumidos. Para se ter uma idéia, em 2006, apenas 5.292 contribuintes fizeram declaração do Imposto de Renda, declarando rendimentos acima de R$ 1 milhão, enquanto 220 mil pessoas, no mesmo ano, tinham aplicações no sistema financeiro superiores a US$ 1 milhão. A política de isenção fiscal adotada durante os anos 1990 permitiu que empresários com renda milionária não tivessem obrigatoriedade em pagar Imposto de Renda. Necessário se faz, portanto, que a tributação passe a incidir prioritariamente sobre o patrimônio e a renda, não sobre o salário e o consumo.

Já defendi, aqui mesmo nesse espaço, a idéia de que seria possível diminuir alguns encargos que incidem sobre a folha de pagamentos se esses passassem a ser calculados sobre o lucro, como forma de gerar mais empregos. Essa tese, porém, perdeu força entre nós, pois a proposta de “desoneração da folha” sempre vem permeada pelo ideário da flexibilização, entenda-se a redução de direitos trabalhistas e previdenciários. Aí, não dá.

A conjuntura política e econômica é favorável a mudanças que possam beneficiar a maioria da população. O desafio é manter o tema na agenda e vencer do embate político. É difícil, mas não impossível.

sábado, 12 de março de 2011

Março, o mês das mulheres

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Todo dia é dia para se fazer reflexões por igualdade entre homens e mulheres na vida e no trabalho. Porém, o dia 8 de março, por ser o Dia Internacional da Mulher, é o mais utilizado para isso. Para a CUT- Central única dos Trabalhadores, essa data que marca o dia da morte de mais de uma centena de trabalhadoras queimadas de uma fábrica têxtil em luta por melhores condições de trabalho nos Estados Unidos é o centro de um calendário que deverá transcorrer durante todo mês de março.

O calendário é composto de atividades que trabalham os seguintes eixos: Mulheres em Todos os Cargos, Profissões e com Igualdade Salarial; Política de valorização permanente do salário mínimo; garantia de creches e escolas públicas em tempo integral; e fim da violência contra as mulheres.

Se considerarmos a condição feminina há algumas décadas não dá para negar os avanços conquistados, mas ainda, em pleno século XXI, as mulheres, por exemplo, recebem salários menores do que os homens. Vários estudos confirmam isso. O mais recente, da Fundação Seade e do Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, na região metropolitana de São Paulo, elas ganham 75,7% do valor pago aos homens para o desempenho das mesmas funções, mesmo apresentando grau de instrução superior ao do universo masculino.

A diferença salarial entre os gêneros é ainda maior nos cargos mais altos que exigem formação universitária. Nesses casos as mulheres recebem 63,8% do valor pago aos homens para as mesmas funções. Aqui tivemos um retrocesso. Em 2000 esse percentual era de 65,2%.

A escolaridade das mulheres melhorou na última década, com 17,1% das profissionais apresentando ensino superior completo. Em 2000, esse percentual era de 12,9%. Entre os homens, apenas 13% apresentam nível superior completo, embora também tenha havido um avanço frente aos 10,8% do início da década passada.

A participação feminina no mercado de trabalho, segundo o estudo Seade/DIEESE, entre 2009 e 2010, subiu de 55,9% para 56,2%, enquanto para os homens, o indicador ficou estável, passando de 71,5% para 71,6%.

Se é verdade que vários avanços foram conquistados em relação a essa temática, também é verdade que ainda falta muita coisa para se fazer, muito pré-conceito para se vencer. E isso se faz com muita luta. Por aqui, o Sindicato dos Bancários provocou esse debate com os trabalhadores e trabalhadoras através de um jornal específico abordando esse tema e entregando a cada um deles um pão de mel coberto com chocolate. Afinal, ninguém é de ferro e como diria o velho guerrilheiro “é preciso ser duro, porém sem jamais perder a ternura”.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Indústria nacional não é eficiente no consumo de energia

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Estudo do Ipea (Instituto de Economia Aplicada) denominado Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, Economia e Bem-Estar Humano, publicado nesta semana, constata que setores da indústria brasileira gastam cada vez mais energia sem necessariamente aumentar a produção. O setor de siderurgia, por exemplo, aumentou em 40% o seu consumo de energia. Significa dizer que o setor diminui sua eficiência energética e aumenta seu impacto ambiental, já que aumenta a queima de carvão vegetal. Vale lembrar que o setor residencial, ao contrário, vem apresentando redução no consumo de energia em virtude de programas governamentais, que estimulam a fabricação de aparelhos domésticos mais econômicos.

Fator determinante para o descompasso entre a quantidade de energia utilizada e a produção de riquezas no Brasil, conforme o estudo do Ipea, é a utilização em nosso parque industrial de equipamentos obsoletos como caldeiras, que além de consumirem muita energia ainda produzem grande quantidade de gases de efeito estufa.

Uma das propostas apresentadas na tentativa de se reverter esse quadro é a de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) só financie projetos com energia sustentável. É bastante razoável exigir mudanças de comportamento no setor produtivo que beneficiem a sociedade como um todo, na medida em que seus projetos são financiados com recursos públicos. Porém, a briga aí é política. Vários são os interesses em jogo. Por isso, é que as pessoas precisam cobrar mais. Exigir que tais medidas sejam tomadas. E que o país invista mais na produção de biocombustíveis, energia eólica e solar, porque, apesar do potencial brasileiro no tocante a produção de energia de matriz limpa, reconhecido pelo próprio Ministério de Minas e Energia, na matriz brasileira ainda tem ganhado espaço as fontes de energia não renováveis.

O Poder Público em geral não tem dado a devida importância para as questões ambientais. Haja vista a proposta da nossa prefeitura de se transformar em residencial uma área de preservação de mananciais no setor sul da cidade. E há rumores de que nessa mesma área se pretende estabelecer uma fábrica de alumínios. Desenvolvimento econômico é importante, porém de maneira sustentável. Que preserve a vida, o maior bem que possuímos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Assédio moral: um mal a ser combatido

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Crescem entre nós as doenças psíquicas originadas pela pressão emocional no local de trabalho. A essa pressão dá-se o nome de assédio moral. Consiste no constrangimento do trabalhador por seus superiores ou colegas, de forma constante, expondo-o a situações vexatórias e humilhantes durante o trabalho.

Caracterizam-se como assédio moral, por exemplo, fazer ameaças constantes de demissão, ofender, sobrecarregar de trabalho ou dificultar a execução do serviço, isolar, desmoralizar publicamente, desvalorizar o trabalho realizado e impedir os colegas de almoçar, cumprimentar ou conversar com o trabalhador ou trabalhadora. Essas situações podem parecer, para alguns, bastante esdrúxulas, porém não é assim. Infelizmente esses acontecimentos são mais comuns do que imaginamos.

Outras situações tidas como assédio moral são: desviar o trabalhador de sua função original sem justificativa; insistir que cumpra tarefas de dificuldade superior ou inferior à sua formação ou função com o intuito de humilhar; hostilizar; sugerir que peça demissão por causa de sua saúde; lançar boatos sobre sua moral; advertir o trabalhador por ausências por motivo de saúde ou porque reclamou direitos.

Esse tipo de problema acontece em todos os setores da economia, porém quero me ater ao trabalhador bancário, que é o que eu conheço mais. Há muitos anos os trabalhadores do sistema financeiro se vêem envolvidos com esse tema. O assédio moral nos bancos tem sido recorrente em virtude da política de pressão pelo cumprimento de metas individuais de produção muitas vezes abusivas. A competição entre colegas torna-se tão grande que o ambiente de trabalho se deteriora e as chefias abusam.

Para tentar minimizar o problema, os Sindicatos de Bancários de todo a país vem insistindo com a FENABAN – Federação Nacional dos Bancos, que é preciso acabar com as metas individuais abusivas e melhorar as relações pessoais no ambiente de trabalho. Depois de muita luta e negociações, mais um passo foi dado nesse sentido. No último dia 26 de janeiro foi assinado entre as duas partes um aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho prevendo a instalação do Programa de Combate ao Assédio Moral nas instituições financeiras. Nele o trabalhador denunciante terá o sigilo de sua identidade preservado e estabelece prazo de 60 dias para resposta do RH (Departamento de Recursos Humanos) da empresa em relação à denúncia. Tudo isso intermediado pelo sindicato.

Obviamente, a criação do Programa por si só não resolverá o problema, mas certamente é um avanço. Primeiro, por que se trata de um reconhecimento por parte da direção dos bancos que o problema do assédio moral existe de fato. Coisa que não admitiam num passado recente. O assédio moral é um monstro que tem adoecido muitas pessoas e, pasmem, levado algumas ao suicídio. Combatê-lo é dever de toda a sociedade. Os sindicatos, pelo menos os de bancários, terão agora mais um instrumento para trabalhar na construção de um mundo mais saudável.

sábado, 15 de janeiro de 2011

O salário mínimo tem que continuar crescendo

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

O movimento sindical combativo, principalmente a CUT – Central única dos Trabalhadores - vem pedindo ao Governo Federal rapidez na negociação pela elevação do salário mínimo a R$ 580,00. A equipe econômica propõe R$ 540,00. Se essa proposta for mantida será a primeira vez depois dos oito anos do Governo Lula em que não haverá aumento real do salário mínimo. Só para repor as perdas inflacionárias o mínimo teria de ser de R$ 543,00. O reajuste de 5,88% – de R$ 510,00 para R$ 540,00 –faz com que o mínimo perca para a inflação em 0,55%.

Há quem não dê muita importância para esse debate, mas o reajuste de salário é, ao mesmo tempo, o grande responsável pelo crescimento do país e pela redução da pobreza e da desigualdade. Dados do DIEESE – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos - indicam que, mesmo com a elevação menor que a inflação, o mínimo injetaria R$ 18 bilhões na economia brasileira, beneficiando diretamente 47 milhões de pessoas. Por isso, esse não é um debate periférico, é central, e por isso vem merecendo o empenho dos representantes dos trabalhadores.

Importante frisar que a elevação a R$ 540,00 contradiz ao mesmo tempo a postura do governo anterior e o mote de campanha de Dilma Rousseff, que era a redução da desigualdade e o fim da pobreza. O argumento de que o aumento a R$ 580,00 significaria a quebra da regra estabelecida entre as partes, a nosso ver não procede. O acordo feito entre Governo e Centrais Sindicais prevê que a elevação seja sempre calculada tendo como base o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes mais a inflação do ano anterior - ou seja, o mínimo de 2011 deveria ser calculado pelo PIB de 2009 mais a inflação de 2010. Ocorre que 2009 foi um ano fortemente marcado pela crise financeira internacional, o que levou a economia brasileira a uma redução de 0,2%. Mas seria injusto fazer com que os trabalhadores pagassem o preço da crise, um momento de exceção. Não se pode punir os trabalhadores brasileiros pela crise internacional iniciada em 2008, sobre a qual não tiverem responsabilidade alguma. Pelo contrário, é preciso reconhecer o papel importante que tiveram na superação dessa mesma crise.

Em 2009 os setores empresariais, inclusive os bancos, tiveram um tratamento excepcional por parte do governo, com cortes de impostos e fortes incentivos. Nada mais justo que os trabalhadores também tenham o direito de serem olhados de uma maneira especial pelo governo neste momento.

O governo Lula chega ao fim com aumento real de 52,83% para o mínimo, tendo sido o reajuste de 2006 o mais representativo, com ganho de 13% para os trabalhadores. O poder de compra do salário entre 2003 e 2010 passou de pouco mais de uma cesta básica para 2,04 cestas básicas. Esse processo não pode ser interrompido agora, em 2011. Nós, militantes do movimento sindical cutista, que apoiamos Dilma Rousseff e reconhecemos os avanços do governo Lula, não podemos nos calar diante dessa discussão, a nosso ver, tão importante para o país e para os trabalhadores.