segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Indústria nacional não é eficiente no consumo de energia

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Estudo do Ipea (Instituto de Economia Aplicada) denominado Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, Economia e Bem-Estar Humano, publicado nesta semana, constata que setores da indústria brasileira gastam cada vez mais energia sem necessariamente aumentar a produção. O setor de siderurgia, por exemplo, aumentou em 40% o seu consumo de energia. Significa dizer que o setor diminui sua eficiência energética e aumenta seu impacto ambiental, já que aumenta a queima de carvão vegetal. Vale lembrar que o setor residencial, ao contrário, vem apresentando redução no consumo de energia em virtude de programas governamentais, que estimulam a fabricação de aparelhos domésticos mais econômicos.

Fator determinante para o descompasso entre a quantidade de energia utilizada e a produção de riquezas no Brasil, conforme o estudo do Ipea, é a utilização em nosso parque industrial de equipamentos obsoletos como caldeiras, que além de consumirem muita energia ainda produzem grande quantidade de gases de efeito estufa.

Uma das propostas apresentadas na tentativa de se reverter esse quadro é a de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) só financie projetos com energia sustentável. É bastante razoável exigir mudanças de comportamento no setor produtivo que beneficiem a sociedade como um todo, na medida em que seus projetos são financiados com recursos públicos. Porém, a briga aí é política. Vários são os interesses em jogo. Por isso, é que as pessoas precisam cobrar mais. Exigir que tais medidas sejam tomadas. E que o país invista mais na produção de biocombustíveis, energia eólica e solar, porque, apesar do potencial brasileiro no tocante a produção de energia de matriz limpa, reconhecido pelo próprio Ministério de Minas e Energia, na matriz brasileira ainda tem ganhado espaço as fontes de energia não renováveis.

O Poder Público em geral não tem dado a devida importância para as questões ambientais. Haja vista a proposta da nossa prefeitura de se transformar em residencial uma área de preservação de mananciais no setor sul da cidade. E há rumores de que nessa mesma área se pretende estabelecer uma fábrica de alumínios. Desenvolvimento econômico é importante, porém de maneira sustentável. Que preserve a vida, o maior bem que possuímos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Assédio moral: um mal a ser combatido

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Crescem entre nós as doenças psíquicas originadas pela pressão emocional no local de trabalho. A essa pressão dá-se o nome de assédio moral. Consiste no constrangimento do trabalhador por seus superiores ou colegas, de forma constante, expondo-o a situações vexatórias e humilhantes durante o trabalho.

Caracterizam-se como assédio moral, por exemplo, fazer ameaças constantes de demissão, ofender, sobrecarregar de trabalho ou dificultar a execução do serviço, isolar, desmoralizar publicamente, desvalorizar o trabalho realizado e impedir os colegas de almoçar, cumprimentar ou conversar com o trabalhador ou trabalhadora. Essas situações podem parecer, para alguns, bastante esdrúxulas, porém não é assim. Infelizmente esses acontecimentos são mais comuns do que imaginamos.

Outras situações tidas como assédio moral são: desviar o trabalhador de sua função original sem justificativa; insistir que cumpra tarefas de dificuldade superior ou inferior à sua formação ou função com o intuito de humilhar; hostilizar; sugerir que peça demissão por causa de sua saúde; lançar boatos sobre sua moral; advertir o trabalhador por ausências por motivo de saúde ou porque reclamou direitos.

Esse tipo de problema acontece em todos os setores da economia, porém quero me ater ao trabalhador bancário, que é o que eu conheço mais. Há muitos anos os trabalhadores do sistema financeiro se vêem envolvidos com esse tema. O assédio moral nos bancos tem sido recorrente em virtude da política de pressão pelo cumprimento de metas individuais de produção muitas vezes abusivas. A competição entre colegas torna-se tão grande que o ambiente de trabalho se deteriora e as chefias abusam.

Para tentar minimizar o problema, os Sindicatos de Bancários de todo a país vem insistindo com a FENABAN – Federação Nacional dos Bancos, que é preciso acabar com as metas individuais abusivas e melhorar as relações pessoais no ambiente de trabalho. Depois de muita luta e negociações, mais um passo foi dado nesse sentido. No último dia 26 de janeiro foi assinado entre as duas partes um aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho prevendo a instalação do Programa de Combate ao Assédio Moral nas instituições financeiras. Nele o trabalhador denunciante terá o sigilo de sua identidade preservado e estabelece prazo de 60 dias para resposta do RH (Departamento de Recursos Humanos) da empresa em relação à denúncia. Tudo isso intermediado pelo sindicato.

Obviamente, a criação do Programa por si só não resolverá o problema, mas certamente é um avanço. Primeiro, por que se trata de um reconhecimento por parte da direção dos bancos que o problema do assédio moral existe de fato. Coisa que não admitiam num passado recente. O assédio moral é um monstro que tem adoecido muitas pessoas e, pasmem, levado algumas ao suicídio. Combatê-lo é dever de toda a sociedade. Os sindicatos, pelo menos os de bancários, terão agora mais um instrumento para trabalhar na construção de um mundo mais saudável.