sábado, 24 de abril de 2010

Pedágios afetam preços de alimentos e materiais de construção

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Segundo a ARTESP - Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transporte do Estado de São Paulo, dos 239 pontos de cobrança de pedágio no Brasil, 121 estão no estado de São Paulo. Se forem consideradas as cobranças nos dois sentidos de direção esse número sobe para 227. Nos últimos 13 anos, os pedágios em São Paulo cresceram mais de 400% e todas as praças de cobrança, novas e antigas, concedidas à iniciativa privada.

Esse custo é sentido principalmente por quem passa todos os dias pelas estradas paulistas, como os transportadores de carga, cujo Sindicato tem declarado que o pedagiamento no estado é o mais caro do mundo, pois corresponde entre 10% a 25% do custo do transporte, quando um pedágio viável deveria representar até 3%.

Para se ter uma idéia, no Rio Grande do Sul há 35 praças de pedágio, Paraná (29), Rio (23), Minas (15), Santa Catarina (7), Mato Grosso (4), Espírito Santo (2). Mato Grosso do Sul, Bahia e Ceará tem uma praça de pedágio cada um. Onze dos 26 estados brasileiros possuem estradas pedagiadas.

É inegável que São Paulo sempre teve as melhores estradas e que melhoraram ainda mais depois da instituição dos pedágios, mas isso não justifica esses valores tão altos. O impacto da cobrança recai, no final do processo produtivo, sobre o consumidor final. O frete mais o pedágio encarecem o produto e o custo é embutido no preço de venda e quem paga a conta é o consumidor.

Há quem diga que o custo de transporte elevado reduz a competitividade da indústria brasileira e podem leva-las a deixarem de fazer negócios.

Para o professor de economia da Universidade Federal Fluminense, Carlos Guanziroli, o custo de produtos de baixo valor agregado, como alimentos, materiais básicos de construção e artigos de borracha sofrem mais com o impacto dos custos de pedágio. Como exemplo, ele cita o transporte de areia. Se um caminhão com o produto custar por volta de R$ 300 e o pedágio ficar em R$ 10 ou R$ 12, o custo do transporte torna-se muito alto e impacta demasiadamente o valor do produto. Já o transporte de produtos químicos ou metal-mecânicos de alto valor não é muito afetado, porque o frete é pouco importante em relação à mercadoria.

Um estudo realizado pelo pesquisador para a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) sobre o impacto de novos pedágios na Rodovia Presidente Dutra demonstrou que quando se coloca pedágio, as pessoas procuram outro shopping, outro restaurante onde não haja essa cobrança e algumas empresas poderiam entrar em falência.

Portanto, se São Paulo quiser entrar no rumo do crescimento e ajudar o Brasil, terá que rever sua política de concessão de rodovias e suas tarifas de pedágio.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Vamos falar de futebol?

Achei que ontem o Ricardo Gomes escalou o time do São Paulo errado. Eu imaginava que ele entraria com o mesmo time que iniciou o primeiro jogo contra o Santos, apenas com o Fernandinho no lugar do Marlos, que estava suspenso por ter sido expulso no jogo anterior.
Não que eu acho que poderíamos ganhar, mas certamente teríamos mais chances de fazer gols, que era o que precisávamos.
Não dá para tirar os méritos do Santos, muito pelo contrário, o time mereceu ir para a final e merece ser campeão por tudo que está jogando e jogou durante todo o campeonato. Mas duas coisas são verdadeiras: o primeiro gol do Neymar foi com a mão (o Simão até está chamando-o de neymão e dizendo que ele será convocado por Bernardinho, rsrs... pode?) e o segundo não foi pênalti, no máximo foi falta fora da área (se foi).
Mas, como eu disse, não dá para tirar os méritos do Santos, que foi muito superior ao meu tricolor.
Outro assunto polêmico está sendo o comportamento de Neymar, Robinho e Companhia durante o jogo e nas comemorações. Ontem alguns jogadores do São Paulo, como Richarlison e Alex Silva, reclamaram dizendo que eles estão desrespeitando os adversários, mostrando a língua para a torcida, exagerando nos bribles e jogadas de efeito e nas comemorações dos gols com as dancinhas e coreografias.
Eu não sei o que vocês acham, mas, particularmente, eu acho que eles estão passando mesmo da conta. Tudo tem limite. Acho que está ficando provocativo. Uma boa maneira de avaliar é ver como reagem os jogadores dos times adversários. O Chicão, do Corinthians, chegou a pegar no pescoço do Neymar e a meter o dedo em sua cara, quando ele lhe aplicou um lençol com o jogo parado. O Palmeiras, no jogo contra o Santos, começou também a fazer as dancinhas e coreografias nas comemorações dos gols, até com um certo exagero por parte do Armero. A diferença é que o Palmeiras ganhou aquela partida (por incrível que pareça).
Enfim, apenas estão gostando desse comportamento dos meninos da vila, os santistas e os próprios jogadores do peixe. E isso é uma demonstração inequívoca de que já esta passando da conta. Acho que tanto o Dorival Júnior, quanto o Dunga, se o convocar para a seleção, deveriam orientar o Neymar para mudar de comportamento. Isso seria muito positivo para o futuro do seu incontestável talento .

terça-feira, 13 de abril de 2010

A CUT cresce e aparece

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Dados que fazem parte de relatório recentemente divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), dão conta de que a Central Única dos Trabalhadores mantém a liderança, com folga, no índice de representatividade das centrais sindicais no Brasil. De todos os trabalhadores e trabalhadoras filiados a algum sindicato, no país, 38,23% são filiados a entidades cutistas. A segunda colocada, a Força Sindical, é quase três vezes menor, tendo 13,71% dos sindicalizados.

Além da maior representatividade a CUT foi a central que mais cresceu no ano passado. Comparada ao ano anterior, aumentou seu índice de representatividade em 1,44 ponto percentual. Sozinha, representa quase a soma de todos os sindicalizados filiados às outras centrais, que juntas detêm 40,18%.

Ainda segundo os dados do relatório, a representatividade também reflete um critério mais amplo de aferição. Em lugar do número de sindicatos filiados, índice em que a CUT também é líder com 33%, o percentual de representatividade oficial é baseado no número de brasileiros sindicalizados. Assim, o que vale realmente não é quantos sindicatos cada central tem, mas quantos brasileiros estão na base.

Esse sucesso se deve ao acerto de concepção e prática sindicais da entidade, pautadas por autonomia, independência, mobilização e ousadia. O que caracteriza a Central tem sido a sua coragem de não se omitir, de se posicionar diante dos grandes temas nacionais, como salário mínimo, aposentadorias, pré-sal, etc..

O crescimento do índice oficial de representatividade da CUT também é fruto da ação de seus sindicatos de base, que realizam campanhas salariais aguerridas, que trazem conquistas para os trabalhadores e trabalhadoras, e que vão além das questões economicistas, fazendo a disputa de um novo modelo de sociedade e de um novo projeto de desenvolvimento, sustentável do ponto de vista ambiental e inclusivo do ponto de vista social.


O grande mérito da CUT foi o fato de não ter confundido governo com movimento social e sindical. Ter tido a visão correta de que o simples fato de termos elegido um operário, ex-sindicalista, para Presidente da República, não resolveria todos os problemas da classe trabalhadora. E que, portanto, a autonomia em relação aos patrões e aos governos e a luta deveriam continuar.

Foram muitos os que diziam que a CUT diminuiria de tamanho e representatividade em função de seu “fatal” posicionamento de acomodação frente ao governo Lula, governo que ajudou a eleger. Mas o dia a dia e o recente relatório deixam claro que a Central Única dos Trabalhadores continua sendo um belo instrumento de luta por uma sociedade mais justa, fraterna e que traga mais conquistas aos trabalhadores e ao povo brasileiro, sindicalizados ou não.

sábado, 3 de abril de 2010

A soberba de Serra e a greve dos professores

(Artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

A propaganda que o governo Serra faz na TV de si mesmo tentando mostrar aos incautos de todo o país um estado feliz e bem administrado não resiste a uma visita pelas plagas bandeirantes. O sucateamento da educação é um exemplo claro do descaso com que o governo do PSDB trata o povo paulista e lida com o seu futuro.

Preferindo colocar a pecha de movimento eleitoreiro na greve dos professores da rede estadual de ensino iniciada no dia 08 de março, Serra e seu secretário Paulo Renato, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, seguem de olhos fechados para o problema. É inadmissível que um professor, no estado mais rico da federação, tenha um salário de R$ 760,00 por mês.

Paulo Renato, antes de ser desmascarado, insistia que não tinha recebido a pauta de reivindicações dos docentes através de seu sindicato, a conhecida e reconhecida Apeoesp. Não recebe os representantes dos trabalhadores apesar das inúmeras solicitações formais de abertura das negociações por parte da entidade sindical. Desdenha a greve que chegou a atingir quase toda a categoria em todo o estado. E ainda se utiliza de todo o aparelho repressivo, como a polícia militar, para bater em quem deveria ser respeitado e protegido, não só pelos governantes, mas por toda a sociedade.

A aprovação automática, somada ao grande número de alunos em sala de aula e as péssimas condições de trabalho e salário dos professores são os ingredientes para uma educação sucateada e sem perspectiva de futuro. Não fosse o zelo e a dedicação desses profissionais e o amor que têm pelo que fazem, a situação estaria caótica.

O modelo de pagamento de bônus, proposto pelo governador, condicionado ao cumprimento de metas irreais fez com que só 10% das escolas recebessem o benefício, provando que, das duas uma, ou o governo não conhece as reais potencialidades de sua rede de escolas, ou quis fazer provocação, estabelecendo metas abusivas. E eu fico com a segunda hipótese.

O caso de amor cego e irracional entre o povo paulista e o pensamento (ou a falta de) demotucano precisa chegar ao fim. Esses quase 20 anos de desgoverno do PSDB já nos trouxeram muitas perdas que comprometem nosso futuro. Já está mais do que na hora de virarmos esse jogo. Viva a educação! Viva os valorosos professores! Abaixo Paulo Renato e José Serra!