domingo, 24 de julho de 2011

A vida muda, alguns homens não

(Artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Na semana retrasada participei de um congresso em São Paulo e, num momento em que as discussões não estavam nada interessantes, lembramos, eu e mais dois colegas, que a Seleção Brasileira e a Paraguaia estavam se enfrentando pela Copa América. Um deles ligou o celular (smart phone) e através dele assistimos ao final da partida que terminou em 2 a 2. Alguns dias depois, já em casa, resolvi pedir um sanduiche num Disk Lanches localizado no setor norte da cidade. Ao telefone, depois de fazer o meu pedido, passei meu endereço e perguntei se eles aceitavam cheque, pois estava sem dinheiro. Do lado de lá da linha o atendente me perguntou: _mas o senhor não tem cartão? _Tenho, por quê? Você tem a maquininha? Respondi, com outra pergunta. _Temos sim, o motoboy leva e passa o seu cartão. E assim foi feito. Paguei meu “x salada” com o cartão.

A nossa forma de viver se transforma com os avanços tecnológicos. Às vezes não nos damos conta disso, mas se pararmos para analisar com detalhes veremos o quanto tudo mudou em tão pouco tempo. A tecnologia não pode vir para gerar infelicidade, desemprego, nem fortalecer vícios consumistas, tem que vir para servir ao homem e melhorar a vida em sociedade. É assim que devemos entender esses avanços.

Em termos sócio-econômicos as coisas também tem mudado bastante. Segundo dados do CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego, no primeiro semestre deste ano foram criados 1,4 milhão de novas vagas no mercado de trabalho brasileiro. Algo inimaginável uma década atrás, quando se gerava algo em torno disso num período de 10 anos. No dia 12 de junho saí com a família para almoçar fora. Nos quatro restaurantes que procurei não havia mesa vazia e ainda tinha uma boa fila de espera.

Outro fato marcante dessa transformação é que minha atual empregada doméstica, de vez em quando, vai trabalhar de carro. A empregada anterior comprou um carro zero Km da mesma marca e modelo do meu Uno Mille/95. Isso me faz lembrar uma entrevista que assisti com o ex-jogador Raí falando sobre sua vida na França quando jogava pelo Paris Saint Germain. O ídolo do São Paulo Futebol Clube dizia que lá na “Cidade Luz” a vida era diferente, a realidade social era diferente, “minha filha freqüenta a mesma escolinha que a filha da minha empregada”, contava o politizado ex-craque que até hoje toca projetos sociais no Brasil. Ainda não vivemos a mesma realidade da França, na verdade o Brasil ainda tem grandes contradições; ao mesmo tempo em que pode entrar, num futuro breve, para o grupo das cinco maiores economias do mundo, ostenta também a desonrosa posição de 10ª nação em pior distribuição de renda. Para continuarmos caminhando rumo à construção de sociedade mais próxima daquela dos nossos sonhos é preciso, além de políticas públicas, generosidade e grandeza política por parte de nossas elites acostumadas a excessiva acumulação de riquezas.

O combate permanente à corrupção na administração pública também é fator preponderante para crescermos enquanto organização social autônoma e soberana. Por isso a Reforma Política se reveste de grande importância neste momento em que avançamos em termos sócio-econômicos, porém patinamos na lama da corrupção e falta de caráter das administrações em todos os níveis. Da municipal não é nem necessário falar mais.

sábado, 2 de julho de 2011

A goleada tricolor e a política local

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

O time do São Paulo entrou em campo domingo passado contra o Corinthians com cinco desfalques. O técnico Paulo Cesar Carpegiani não pode escalar Miranda, Rodolfo e Casemiro por motivo de contusão; Juan e Rodrigo Solto por cumprirem suspensão automática, e Lucas por estar na Argentina com a Seleção Brasileira disputando a Copa América. Alguns reservas também estavam sem condições de jogo, como por exemplo, Henrique Miranda, garoto de 18 anos, reserva de Juan. A um time já muito jovem e inexperiente, se somou, então, mais um garoto da base são-paulina, Rodrigo Caio, este de apenas 17 anos de idade. Para piorar a situação, durante a partida, o time tricolor perdeu Carlinhos Paraíba expulso aos 40 minutos do primeiro tempo, o único mais rodado naquele meio campo de moleques.

Eu imagino que o treinador pensou “perdido por um, perdido por dez”, depois que o corintiano Danilo fez o primeiro gol logo no início do segundo tempo, pois de qualquer forma o time perderia três pontos. Assim, deixou o “soberano”, mesmo com um homem a menos, com três atacantes e dois garotos para cuidarem de marcar os experientes rivais. Resultado: uma goleada histórica de cinco a zero, com direito a chocolate e frango do goleiro Rogério Ceni.

A vida é assim. Essas coisas acontecem! Na nossa política bebedourense as coisas têm acontecido mais ou menos dessa forma. Parece que o povo está perdendo de goleada. E o pior é que o jogo dura quatro anos (ou mais). A goleada começou na campanha eleitoral com promessas mirabolantes e impossíveis de serem cumpridas. Depois veio a formação do time: parentes e gente inexperiente para todo lado. Isso, sem falar na falta de capacidade e boas intenções de alguns. Depois vieram a desilusão do povo ao ver que os compromissos de campanha era tudo balela e a tal da “operação cartas marcadas”, que chocou a todos nós. Contar com o técnico do time, então, nem pensar.

Eu, que sou são-paulino e bebedourense, sofro duas vezes, pela goleada que sofremos do alvinegro do Parque São Jorge e pela derrota acachapante que tomamos na política local. Para aqueles que são torcedores do Timão a tristeza é menor, pois não é sempre que se dá um coco em um tri-campeão mundial, tri-campeão da Libertadores e hexa brasileiro. Minha esperança é que o time de Ceni se reerga, toque a vida para frente e, quem sabe, seja campeão brasileiro pela sétima vez (enquanto eu escrevia este texto ainda não tinha acontecido o jogo contra o Botafogo e eu torcia para o tricolor vencer). Oportunidade e tempo para se reabilitar a equipe do Morumbi tem. Quanto à reabilitação da situação política em nossa cidade, essa vai demorar pelo menos mais um ano e meio. Isso, se não piorar!