segunda-feira, 28 de setembro de 2009

R$ 700 mil jogados fora?

O ex-vereador Carlos Orpham (PT) lamentou hoje, em entrevista à Gazeta de Bebedouro, o fato de a obra das galerias da Rua José Francisco Paschoal não terem saído a contento. Os 700 mil reais que vieram de Brasília para a realização da obra, foram resultados do seu trabalho. "Não só do meu é claro! O prefeito da época, o Hélio, também foi até a capital federal, aliás, fomos juntos para as audiências nos Ministérios da Integração Nacional e das Cidades, articuladas pelo Senador Aloísio Mercadante, do PT", explicou Orpham.
Para o ex-vereador e ex-presidente do Legislativo Municipal, houve incompetência, tanto dos responsáveis pelo projeto, quanto da empresa que realizou a obra. Para ele a quantidade de água que desce por ali é muito grande, mas os responsáveis pela obra sabiam disso. "Portanto, os cálculos de engenharia deveriam levar em conta o grande volume de água que a galeria teria de suportar, sem causar erosão no lago e o afundamento do asfalto", desabafa Orpham.
Em fevereiro de 2006, Carlos Orpham, então vereador, conseguiu agendar duas audiências em Brasília através do gabinete do Senador Mercadante, depois que a cidade foi vitimada pela forte chuva do dia 2 daquele mês, que derrubou três pontes e ceifou duas vidas, uma delas na enxurrada da Rua José Francisco Paschoal. A obra que posteriormente lá foi realizada sofreu, na semana passada, sérias avarias, que colocam em dúvida a qualidade técnica da obra. "Espero que os R$ 700 mil que conquistamos para a obra, não tenham sido jogados fora", lamenta o ex-vereador.

sábado, 26 de setembro de 2009

Para os bancos, nem tsunami, nem marolinha, só alegria

(Artigo publicado originalmente no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

A crise sistêmica mundial iniciada no ano passado com a implosão do gigante americano, Lehman Brothers, não conseguiu afetar os bancos brasileiros. Nem sequer a marolinha prevista pelo presidente Lula para o Brasil, passou perto das portas de Bradesco e Itaú, que lucraram mais de R$ 4 bilhões cada um, no primeiro semestre desse ano. Lucro esse, aliás, igual ao do Banco do Brasil.

Vejam que esse lucro foi apenas no primeiro semestre, o que nos leva a crer que ao final do ano esse total deverá dobrar. Ou seja, mais de R$ 8 bi cada um para festejar o Natal de 2009. Para que o leitor tenha uma idéia mais clara do quanto significa esse valor, vale a pena fazer aqui um cálculo rápido. O orçamento desse ano da Prefeitura de Bebedouro é de R$ 120 milhões. Portanto, o lucro líquido que cada um desses bancos vai colocar no bolso em apenas um ano corresponde ao total necessário para gerir uma cidade de 80 mil habitantes durante 66 anos. É ou não é muito dinheiro?

Enquanto isso, na campanha nacional dos bancários, cuja data base é setembro, as coisas não andam tão boas quanto nos cofres dos afortunados cartolas do sistema financeiro nacional. A FENABAN – Federação Nacional dos Bancos - oferece aos bancários um índice de reajuste salarial de apenas 4,5%, o que repõe apenas as perdas com a inflação do período, e uma formulação de PLR – Participação nos Lucros e Resultados - bem inferior à que já tivemos nos anos anteriores.

Apesar de a campanha ser dos bancários, esse é um tema que interessa a toda a população, pois também estão em debate: a geração de mais empregos, a diminuição das taxas de juros e um melhor atendimento à população.

Por incrível que pareça, num setor altamente lucrativo como é o financeiro, o número de postos de trabalho vem diminuindo. Segundo o CAGED do Ministério do Trabalho os bancos fecharam 1.340 vagas no primeiro semestre desse ano. Sob a alegação de uma crise que sequer passou perto das agências bancárias.

O argumento utilizado pelos cartolas para as taxas de juros elevadas e o conseqüente maior spread bancário do mundo é o alto índice de inadimplência. Apesar do novo cenário econômico com a Selic e a inadimplência caindo, as taxas praticadas pelos bancos continuam elevadas, o que comprova a falta de vontade de ajudar o país a crescer e gerar empregos.

Uma pergunta que sempre fiz é, porque que os bancos têm que abrir às 10h:00 e fechar as 15h:00? Enquanto os outros estabelecimentos abrem mais cedo e fecham mais tarde!
Por isso, os bancários estão cobrando dos banqueiros, que as agências abram às 09h:00 e fechem às 17h:00 com dois turnos de trabalho. Isso faria com que os bancos contratassem mais trabalhadores e melhoraria muito o atendimento à população, que já não agüenta mais tanta fila.

Carlos.orpham@yahoo.com.br

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Governo Federal já mandou para Bebedouro R$ 16,8 milhões, até julho/2009

O Governo Federal já mandou para Bebedouro exatamente R$ 16.830.282,74, até Julho desse ano. Confira abaixo os valores relativos a cada item:

Assistência Social - Erradicação do Trabalho Infantil - PETI R$ 17.500,00

Educação - Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica R$ 338.954,00

Educação - Apoio ao Transporte Escolar na Educação Básica PNATE R$ 27.595,85

Compensação da Variação Nominal Negativa Acumulada dos Recursos Repassados pelo Fundo de Participação dos Municípios -FPM entre os Exercícios de 2008 e 2009 R$ 9.819,20

Saúde - Atenção à Saúde da População para Procedimentos em Média e Alta
Complexidade R$ 3.318.065,06

Encargos Especiais - Auxilio Financeiro aos Entes Federados Exportadores
R$ 76.539,42

Assistência Social - PETI R$ 1.650,00

Saúde - Estruturação de Unidades de Atenção Especializada em Saúde R$ 200.000,00

Desporto e Lazer - Funcionamento de Núcleos de Esporte Educacional R$ 5.000,00

Encargos Especiais - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB R$ 818.960,51

FPM - Fundo de Participação dos Municípios R$ 8.130.304,19

Saúde - Prevenção e Qualificação da Atenção em HIV/AIDS e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis R$ 136.351,06

Saúde - Vigilância em Saúde R$ 125.492,27

Saúde - Vigilância Sanitária R$ 21.811,30

Saúde - Manutenção e Funcionamento da Farmácia Popular R$ 70.000,00

Saúde - Piso de Atenção Básica Fixo R$ 660.779,50
Saúde - Piso de Atenção Básica Variável - Saúde da Família - PSF R$ 791.226,00

Saúde - Promoção da Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos na Atenção Básica em Saúde FARMÁCIA BÁSICA R$ 89.526,08

Encargos Especiais - CIDE-Combustíveis R$ 58.760,10

Assistência Social - Serviço de Apoio à Gestão Descentralizada do Bolsa Família R$ 29.162,33

Assistência Social - Serviços de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias CREAS R$ 21.700,00

Assistência Social - Serviços de Proteção Social Básica às Famílias PAIF/CRAS R$ 18.000,00

Assistência Social - Serviço de Proteção Social Básica para Criança e Idoso R$ 72.972,90

Assistência Social - Serviços Esp. de Proteção Social Especial PAIF/CREAS R$ 88.165,20

Encargos Especiais - Compensação da Isenção do ICMS aos Estados Exp. R$ 107.307,27

Assistência Social - Bolsa Família R$ 1.484.278,00

Encargos Especiais - ITR - R$ 11.795,64

Encargos Especiais - Royalties pela Produção de Petróleo e Gás Natural R$ 94.419,45

Saúde - Vigilância Sanitária R$ 4.147,41

fonte: portaldatransparencia.gov.br

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Terça 22 é dia de deixar o carro em casa

Preocupadas com a poluição do ar, 35 cidades francesas iniciaram em 1988 um movimento para a redução dos automóveis nas ruas. Para tal, estabeleceram que todo 22 de setembro passaria a ser o Dia Mundial Sem Carro. Neste ano, a data cai numa terça-feira e a intenção é dar prioridade a transportes alternativos para se locomover.
Em São Paulo, de acordo com a agência Envolverde, o objetivo do Dia Sem Carro é debater o uso de meios de transportes alternativos e menos poluentes, em eventos que acontecerão em toda a cidade. Segundo Oded Grajew, um dos idealizadores do Movimento Nossa São Paulo, a programação será extensa e pretende atingir um grande número de pessoas. A entidade organiza a manifestação junto com outras 20 ONGs como o Instituto Akatu, Campanha Tic Tac, Coletivo Ecologia Urbana, SOS Mata Atlântica, Respira São Paulo, Sesc e Transporte Ativo.
Diferentemente de outras cidades, a organização paulistana do evento não pedirá à população que deixe o carro em casa. “Ainda é cedo para pensarmos em uma atitude assim; o que queremos é mostrar à população que é possível ir a vários lugares sem necessidade de um transporte individual”, ressaltou Grajew.
Pesquisa – O foco dos organizadores baseia-se em uma pesquisa divulgada na sexta 18 pelo próprio Movimento Nossa São Paulo. Segundo os dados, o paulistano tem interesse em deixar o veículo em casa e passar a usar o transporte público, apesar de ter adquirido mais carros em 2009.
De um total de 805 entrevistados, 78% afirmam que deixariam o carro em casa para utilizar o transporte público, caso houvesse uma boa alternativa. O levantamento concluiu também que metade dos ouvidos disse ter um ou mais veículos em casa, número 13% maior do que o do ano passado. Desse total, 29% usam os veículos diariamente. Cerca de dois terços dos entrevistados preferem que os investimentos públicos nos próximos anos sejam direcionados para o transporte coletivo.
Para Carlos Orpham, que recentemente publicou um artigo sob o título "Cidade sustentável presupõe transporte coletivo de qualidade", as pessoas começam a perceber que as cidades não suportam mais tantos carros e que o transporte coletivo de qualidade é fundamental. "Não é só para quem não tem carro que temos que pensar o transporte coletivo, ele deve ser para todos, mas para isso é necessário grandes investimentos, tanto públicos, quanto privados", explica.

sábado, 19 de setembro de 2009

Minha avó Amália, 100 anos de dignidade

(artigo publicado originalmente no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Dona Amália, minha avó paterna, completa 100 anos de idade no dia 27 de setembro. É o que ela diz! Porque, pela segunda via de sua certidão de casamento ela teria nascido em 1908, não em 1909. Então ela faria agora 101 anos. Mas ela jura de pé junto que são apenas 100. Obviamente, ninguém ousa duvidar.

Há três anos atrás, no dia do seu aniversário, eu disse a ela: - Nossa, vó! A senhora já tem quase um século! E ela me respondeu: - Que é isso, menino! Tenho apenas 97! Essa é Dona Amália, uma centenária de não mais que um metro e meio de altura, porém de uma estatura moral que fita métrica não consegue medir.

Descendente de portugueses, veio de Campinas para Bebedouro ainda menina. Casou-se, ainda como tal, e teve 15 filhos com meu avô, João, que a deixou viúva muito cedo. Já enterrou 8 filhos, três quando crianças e cinco já depois de adultos. Nunca a ouvi reclamar da vida, nem falar mal de quem quer que seja. Pelo contrário, quando alguém inicia algum comentário maledicente ela logo muda o rumo da conversa. Mulher de fibra inigualável, nunca a tinha visto chorar, até uns 8 anos atrás, quando de lá pra cá ocorreram as mortes de seu neto mais velho e de alguns de seus filhos.

Meu relacionamento com ela não foi muito intenso, nem quando criança, nem depois de adulto, apesar de ter sido minha madrinha de casamento. Sabe aquelas coisas que acontecem com todo mundo? Por vários motivos o relacionamento torna-se mais forte com uma avó do que com a outra. Para mim, a presença maior em minha vida foi da minha avó materna, a Dona Joana, que já faleceu. Isso porque morou na casa de meus pais durante alguns anos, antes de partir para o plano espiritual.

Mesmo assim, mesmo não tendo um relacionamento intenso com Dona Amália, a referência que tenho dela é de uma mulher guerreira, respeitada e querida por todos que a conheceram desde jovem. Há pessoas que residem hoje em outras cidades, que quando vem a Bebedouro, não deixam de visitá-la para lhe dar um abraço e relembrar o passado. Normalmente são septuagenários como meu pai e meus tios, que quando crianças brincavam no grande quintal de sua humilde casa situada na Rua Vicente Paschoal.

Aos leitores quero dizer que esse texto não tem nenhuma outra pretensão senão a de prestar uma homenagem à minha avó, que completa um século de existência. Sei que, talvez, para quem está acostumado a ler meus textos, isso pode não ter grande importância e até mesmo parecer auto elogio. Mesmo assim resolvi correr esse risco. Homenagear alguém que completa cem anos já é justo. Quando esse alguém é Dona Amália Bispo Corrêa, é muito mais! Modéstia a parte! Grande beijo, vó!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A marolinha, um ano depois



Ricardo Berzoini (*)


Os adversários se animaram. Pensavam que o governo Lula havia obtido sucesso por não ter enfrentado nenhuma crise internacional.


HÁ UM ano, o mundo era sacudido pelo estouro da bolha imobiliária norte-americana. Uma crise financeira e econômica se espalhou pelo planeta, travando o crédito e o comércio mundial. Depois da quebra do banco Lehman Brothers, US$ 25 trilhões em riquezas viraram pó em todo o mundo. Os governos, com seus trilionários pacotes para evitar a falência do sistema, sepultaram a era do Consenso de Washington. Mesmo assim, milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza. Nesse cenário de incertezas, os adversários do governo Lula ficaram animados. Pensavam que o governo havia obtido sucesso até então por não ter enfrentado nenhuma crise internacional, ao contrário de FHC, que sofrera os efeitos de três delas, bem menores. Tripudiaram quando o presidente Lula previu que a crise, para o Brasil, seria uma "marolinha", não um tsunami. Lula assumiu a atitude de líder, pilotando pessoalmente as medidas de enfrentamento da crise e dirigindo-se à nação como quem vai à luta, não se deixando abater pela turbulência. Em dezembro passado, no auge da crise, estimulou os brasileiros a continuarem consumindo, dentro de suas possibilidades. Colocou os bancos públicos para compensar a retranca dos bancos privados. Orientou a Petrobras a ampliar os investimentos, quando muitos diziam que o petróleo a US$ 30 inviabilizaria a exploração do pré-sal. Reduziu IPI, IOF e Imposto de Renda dos assalariados. Lançou, no meio da crise, um poderoso programa de habitação popular, reconhecido pelos empresários e pelos movimentos sociais como a mais importante iniciativa do setor na história do Brasil. Hoje, diante dos dados de recuperação da economia, é fato que o Brasil superou o impacto principal da crise e retoma a trajetória de crescimento interrompida no ano passado. O Brasil deve ser um dos poucos países do mundo a fechar 2009 com PIB positivo. O mercado de trabalho aponta números claros: o Caged, cadastro do Ministério do Trabalho que só registra a movimentação de empregos formais, diz: nos 12 meses até junho de 2009, 390 mil empregos formais foram criados. Saldo positivo em plena crise. Foi com um conjunto de medidas corajosas que conseguimos atravessar a crise em situação melhor do que a de muitos países. Graças ao fortalecimento de instrumentos do Estado, como bancos oficiais e empresas estatais, como a Petrobras, rompendo com a lógica neoliberal que imperou até 2002, o Brasil teve musculatura para enfrentar o furacão gestado no centro do capitalismo. Ao agir prontamente, com todos os instrumentos públicos disponíveis, o governo pode conduzir o país com segurança no mar revolto da crise.A cada medida tomada, uma crítica da oposição. A cada sucesso, mudança de mote. Ante as evidências da recuperação, os mesmos setores que vaticinaram a inevitabilidade do caos tentam mudar o enfoque, falando de deterioração fiscal do governo federal.Querem eclipsar um fato: o governo Lula salvou o país do caos fiscal dos anos 1990 e, justamente pela ação fiscal anticíclica nos últimos 12 meses, nos permitiu fazer frente à crise, gastando bem menos que outros países.Em seis anos, um conjunto de políticas sociais, tributárias, industriais, creditícias e de comércio exterior foi implementado. Nossas estatais foram fortalecidas. O PAC foi estruturado como indutor de investimentos públicos e privados. Entre janeiro de 2003 e janeiro de 2009, o desemprego (Seade-Dieese) foi reduzido de 18,6% para 12,5% (redução de 33%). Foram gerados 7,7 milhões de empregos formais, sem falar nas ocupações da agricultura familiar e da economia familiar urbana e outros tipos de ocupação. Cresceu o emprego formal em relação ao informal. O salário mínimo teve um aumento real de 46% desde 2003, influenciando a pirâmide salarial. Temos seis anos e nove meses de um governo que, gradual e cuidadosamente, fez e faz a transição para um novo modelo. Há que reconhecer que falta muito que fazer, até porque a crise mundial não foi totalmente desfeita. É necessário retomar a velocidade de geração de empregos anterior à crise, acelerar os investimentos. Mas a lição que fica é que o deus mercado foi exorcizado, aqui e no exterior. Foi resgatado o papel do Estado como força reguladora e de estímulo à economia. O neoliberalismo foi soterrado sob os escombros do muro de Wall Street. E o Brasil pode perceber, claramente, as diferenças entre os dois projetos que se sucederam na Presidência da República.

RICARDO BERZOINI, 49, bancário, é deputado federal (PT-SP) e presidente nacional do partido. Foi ministro da Previdência (2003-2004) e do Trabalho (2004-2005).

sábado, 12 de setembro de 2009

Pré-sal: todo cuidado com os privatistas demotucanos

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

São vários os motivos para estarmos entusiasmados com o futuro do país: o crescimento do PIB no segundo trimestre; a retomada dos empregos formais em julho e a queda do desemprego; a confirmação do aumento real para todos os aposentados a partir de 2010; a entrada, na ordem do dia do Congresso, da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais; a liderança do Banco do Brasil no ranking dos bancos, mesmo operando com taxas de juros mais baixas; a difusão da lei do empreendedor individual, que possibilitará a formalização de milhões de pequenos empresários, e o mais alvissareiro de todos, a apresentação do marco regulatório do pré-sal ao Congresso Nacional.

A situação do Brasil é bem diferente do quadro internacional. A crise econômica mundial ainda provoca efeitos negativos em vários países. Por aqui, os dados econômicos confirmam os efeitos benéficos das políticas adotadas pelo governo Lula: o PAC, o programa Minha Casa, Minha Vida, a ampliação do Bolsa família, o aumento real do Salário Mínimo, a redução da meta de superávit primário, as reduções da taxa SELIC, a atuação dos bancos públicos fomentando a retomada do crescimento econômico, etc..

Cega a tudo isso, a oposição demotucana prefere articular uma ofensiva com a grande mídia, com destaque para a chamada “crise do Senado”. A partir de fatos reais, diga-se, porém nos quais PSDB e DEM têm grande responsabilidade, para impedir a aprovação do marco regulatório do pré-sal. De um lado, porque, sempre defenderam a entrega da Petrobras para o setor privado. De outro, porque, não querem enfrentar esse debate próximo das eleições para presidente da república. Já que isso significa discutir as opções estratégicas para o Brasil e o papel do Estado. Decorridos quase sete anos de governo Lula, depois dos doze anos de neoliberalismo, o confronto entre esses dois projetos de país são compreensíveis para grande parte do povo brasileiro.

A própria descoberta das reservas do pré-sal só foi possível a partir da retomada dos investimentos e do apoio decidido do governo Lula à estatal, que sempre foram negados pelo governo do PSDB. Hoje, com essa nova riqueza mapeada, o Brasil tem o direito e o dever de decidir como empregará esses recursos naturais para um salto planejado rumo ao futuro, optando por políticas públicas e sociais compatíveis com a sociedade mais justa que se quer construir.

Por isso, a sociedade não pode se omitir nesse processo. É necessária uma mobilização social para exigir que senadores e deputados federais discutam, façam debates públicos com a sociedade e votem até o início do ano que vem o projeto do governo que regulamenta o pré-sal. Garantir que o Brasil e o povo brasileiro, soberanamente, sejam os gestores dessas riquezas e que parte delas sejam destinadas a políticas públicas essenciais, como saúde e educação, são vitais para a construção de um futuro melhor para nossos filhos e netos. Como disse o presidente Lula, o pré-sal é a nossa segunda independência, e é de todo o povo brasileiro.

e-mail: carlos.orpham@yahoo.com.br

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Revista do Brasil investiga banda larga

O estudante de economia Pedro Henrique, 23 anos, tinha 13 quando o governo Fernando Henrique Cardoso realizou o leilão que, em 1998, privatizou o Sistema Telebrás – responsável por mais de 95% dos serviços públicos de telecomunicações. Onze anos depois, Pedro não entende por que paga tão caro para ter banda larga em casa, em Teresina, se o que ouvia quando era adolescente é que “mais avanço, tecnologia e eficiência” estavam por vir. Para acessar a internet pelo Velox de 1 megabyte, da Oi/Brasil Telecom, paga R$ 170 por mês – R$ 100 mais caro que no Rio de Janeiro. “Sou refém, não tenho opção de mudar para outro fornecedor”, protesta. E poderia ser pior: se estivesse no Amazonas, pagaria R$ 430 por um pacote 40% mais lento.

O Brasil tem 11 milhões de usuários de banda larga (fixa e móvel), 60% na Região Sudeste (40% apenas em SP). As tecnologias mais comuns são a que usa a rede de telefonia fixa (ADSL), a que pega carona na TV a cabo e a 3G, que usa a rede da telefonia móvel. “Testei o 3G da Claro, mas o serviço é muito ruim, uso como estepe para as horas problemáticas do Velox”, desabafa Pedro.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) admite que a oferta do mesmo serviço a preços diferenciados conflita com os princípios da Lei Geral de Telecomunicações (LGT). Mas pondera que banda larga é serviço privado e as operadoras têm liberdade de estabelecer preços e condições. As operadoras alegam que as tarifas são proporcionais ao investimento que têm de fazer e, quanto mais distante dos grandes centros, mais complexo é proporcionar infraestrutura. Em 2008, o governo federal revisou o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado, estipulando às empresas de telefonia fixa o compromisso de levar infraestrutura de banda larga a todos os municípios brasileiros até o final de 2010. O plano, no entanto, não inclui preços.

Rafaela não tem dinheiro para pagar a banda larga. Usa o acesso discado, que é mais lento e ainda inutiliza a linha telefônica.
Até aqui, a lógica das operadoras é cobrar mais onde não há concorrência, e o poder aquisitivo é menor, compensando os preços mais baixos (que ainda são altos para os padrões internacionais) nas regiões em que há disputa. Assim, a estudante Rafaela Rodrigues Dantas, 23 anos, de Maceió, não consegue bancar a internet rápida. Ela ainda usa o acesso discado. “É mais barato, mas devagar, não consigo ver vídeos, baixar música, e o telefone fica ocupado”, reclama.
É um dos nós de um serviço de interesse público, mas de exploração privada, tratado como negócio visando ao lucro, e sem a bendita concorrência. “Se o cliente não pode escolher entre quatro ou cinco operadoras, a empresa não tem pressão e se acomoda”, diz Luiz Cuza, presidente da Associação Brasileira de Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp). Estela Guerrini, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), resume: “O consumidor sabe que o serviço é ruim e caro, mas, se não tem opção, é refém”.
Em Portugal, Sérgio Denicoli, especialista em mídias digitais e pesquisador da Universidade do Minho, não tem problemas com banda larga. “Podemos escolher entre dez empresas que oferecem os serviços. Aqui a internet móvel tem uma velocidade de 21,6 megabytes, custando o equivalente a R$ 80 por mês”, diz.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) considera banda larga conexões iguais ou acima de 2 megabytes; a média da velocidade mundial é de 13 megabytes. Em Portugal, uma vasta rede de fibras ópticas possibilita acessos de até 100 megabytes. Cidades como Tóquio, Madri, Paris e Hong Kong dispõem hoje de serviço similar para o mercado residencial.Aqui, menos de 10% dos usuários da alta velocidade navegam acima de 2 megabytes e a maioria das operadoras não garante a conexão plena. Está nas letrinhas miúdas do contrato: a empresa se compromete a “entregar” pelo menos 10% da velocidade contratada, já que o serviço está sujeito a ser limitado por “questões técnicas”.
O técnico J.S.S., que por dez anos prestou serviço terceirizado para a Telefônica, de consertos e manutenção de rede, comenta essas questões técnicas. “Imagine um cano de água: quanto mais você o divide entre as pessoas, menos fluxo terá para cada uma. É preciso investir numa estrutura com cano maior e com maior vazão de água desde a origem para que ela chegue jorrando forte em todas as torneiras”, explica.
Telefônica hexacampeã

Em São Paulo, por R$ 5,7 bilhões, a estatal paulista Telesp foi para as mãos do grupo espanhol Telefónica, que atua em 35 países. Em uma década (1999-2008), o lucro do grupo no Brasil somou mais de R$ 18 bilhões. A taxa de felicidade dos clientes, porém, não acompanhou a dos espanhóis. No mesmo período, a empresa liderou seis vezes (1998, 1999, 2000, 2001, 2006 e 2008) o ranking de reclamações do Procon. Na rede social Orkut, a comunidade virtual “Eu odeio a Telefônica” tem 19 mil adeptos. Adriano Mendes, que trabalha numa lan house da capital, é um deles. “Às vezes passa um dia, dois dias sem internet, sem contar a lentidão de uma hora para outra, e eles não dão satisfação”, reclama. A “vedete” do momento da empresa é seu serviço de banda larga, o Speedy.

Adriano tenta tocar uma lan house. Negócio difícil quando depende da Telefônica.

No último dia 22 de julho a Anatel proibiu a venda de Speedy para novos assinantes após quatro “apagões” em menos de um ano, com interrupções que chegaram a 36 horas, prejudicando negócios e serviços públicos, como a emissão de boletins de ocorrência e a renovação de documentos. Outra iniciativa tardia foi a reativação do Comitê de Defesa dos Usuários dos Serviços de Telecomunicações, que não se reunia havia nove anos. “A pane é produto do corte de gastos com manutenção e pessoal”, afirma o procurador Duciran Farena, coordenador do Grupo de Telefonia do Ministério Público Federal (MPF), que faz coro à opinião de especialistas da área que apontam a falta de investimento e qualificação de pessoal como o cerne das falhas.
R$18 bilhões é o lucro que a Telefônica conseguiu no Brasil 
em apenas dez anos.

Segundo reportagem da revista Teletime, especializada na área, um mecanismo administrativo chamado “Mesa de Compras” ajuda a entender a questão. O método instituído pela Telefônica consiste em premiar os empregados terceirizados não por soluções alcançadas, mas sobre o que economizam. Seria como um plano de saúde premiar médicos que evitam despesas com exames laboratoriais, cirurgias e internações, ainda que a saúde ou a vida do paciente seja posta em risco.
A companhia menciona investimentos de R$ 500 milhões no Speedy em 2008 e outros R$ 750 milhões até o final de 2009. Sua campanha de marketing defensivo – começa com “Tudo o que a Telefônica vinha fazendo para enfrentar os seus problemas não era suficiente. Era preciso fazer mais e melhor...” – promete duplicação da capacidade dos servidores de acesso à internet.
O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, conhece bem as regras da telefonia brasileira, inclusive até onde pode ser incomodado pela agência reguladora, pois também já trabalhou na Anatel. A principal concorrência com a Telefônica (e com a Oi/BrT no restante do país), as operadoras de TV paga, como a Net, é regida por outra legislação e não está presente em todos os cantos. Em São Paulo, menos de um terço da população vive em áreas servidas de cabo. E os preços de uma e de outra não chegam exatamente a competir.
Derrubava mesmo
Os serviços de relacionamento e reclamações dos clientes são feitos pela Atento, uma subsidiária espanhola da Telefónica que atua em 17 países, a maioria na América Latina. No Brasil desde abril de 1999, atualmente tem 73 mil empregados e 400 outros clientes. Exige dos admitidos ensino médio, fluência verbal, boa dicção, dinamismo, bom relacionamento interpessoal, conhecimentos de informática. Estudo recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o setor de telecomunicações emprega hoje menos do que há dez anos. No teleatendimento, a maioria é de jovens (55% entre 18 e 24 anos).
O estudante de computação Luiz André, 22 anos, trabalhou no suporte técnico do Speedy para a Atento por dois anos. E diz que o famoso som do “pi, pi, pi”, que enerva o cliente na busca de solução para o seu problema, ocorria sempre. “A gente derrubava ou deixava o cliente na linha até ele cansar”, conta. “Como o salário fixo era baixo, quanto mais ligações a gente atendesse, mais podia incrementá-lo no fim do mês. Se a gente ficava longe da meta, acelerava.”
Luiz esclarece que não era ordem da empresa deixar o cliente esperando ou derrubar ligações, mas a pressão era inerente à jornada. “A gente tomava bronca se ficasse mais de três minutos na linha. Ir ao banheiro era problema. Colocava a pausa no telefone e ia, só que os supervisores registravam.” Os casos simples eram resolvidos na hora, como “usuário e senha errados” ou “placa de rede desconectada”. Os maiores problemas, no entanto, eram de sinal. “E quando a gente não tinha ideia do problema falava que era erro geral: ‘O problema é na região inteira; ligue mais tarde, por favor’. ”Expressões como “oferecemos aos nossos empregados uma compensação competitiva” ou “a companhia investe em programas cujo objetivo é incentivar o desenvolvimento e a motivação dos funcionários” estão no site da Atento, onde também trabalhou Renata Falconeri, de 21 anos, de 2006 até este ano – saiu por desentendimentos com um gestor de área. “Ele gritou comigo no meio da operação”, explica.
Com o enquadramento da atividade telemarketing na norma regulamentadora do Ministério do Trabalho NR-17, que determina entre outras medidas de proteção à saúde pausa de 10 minutos para cada 50 trabalhados, a situação melhorou um pouco, segundo ela. “Operador não tinha tempo de comer, beber água, e levava advertência se estourasse os minutos de lanche.”
No entanto, Renata revela que as técnicas “motivacionais” da empresa eram motivo de chacota. “Davam balas e doces pra motivar uma boa venda ou meta cumprida. Brincávamos que íamos sair diabéticos e obesos dali. Davam outras coisas, bicicletas e tevê, mas para uma multinacional desse porte deveriam valorizar o funcionário com melhores salários”, finaliza.
Em julho, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça divulgou um levantamento com base nos registros do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) – que integra os Procons estaduais e mais 60 municipais. O setor de telecomunicações foi responsável por mais de 600 mil queixas entre maio de 2005 e abril de 2009, o que representa uma em cada três reclamações.
O Ministério Público de São Paulo formalizou em fevereiro um processo contra a Telefônica alegando danos morais e materiais aos consumidores. A ação civil pública pede indenização de R$ 1 bilhão. Em outro processo, Oi/Brasil Telecom e Claro também foram acionadas pelo DPDC/MJ por descumprimento das regras de atendimento em call center. As ações cobram de cada empresa multa de R$ 300 milhões.
Problema de origem - O Sistema Telebrás, estatal, unia a Embratel, de longa distância, e as telefônicas estaduais. A preparação para a privatização, em 1998, começou três anos antes, período em que as tarifas das assinaturas básicas subiram 2.000%. A primeira avaliação de mercado da Telebrás, R$ 40 bilhões, levava em conta a demanda futura de acesso à internet. O lobby privado fez com que os contratos de concessão fossem reduzidos à telefonia fixa. “Queriam pagar menos pela Telebrás, porque uma coisa é comprar uma empresa que pode prestar múltiplos serviços e outra coisa é uma que pode prestar um só”, diz Flávia Lefévre, advogada do Instituto Pró-Teste de Defesa do Consumidor.
O lance inicial caiu para R$ 13,5 bilhões e o preço final atingiu R$ 22,5 bilhões. Para os defensores do leilão, “ágio” de 67%. Para os críticos, prejuízo de R$ 18 bilhões. “Perdemos muito mais depois, porque as empresas foram constituindo sua rede de dados sem obrigação nenhuma, nem de universalização, nem de qualidade.” A Lei Geral de Telecomunicações (LGT) aprovada criou duas categorias de operadoras no sentido de “fomentar a concorrência”: as concessionárias, vencedoras dos leilões, e as autorizadas a competir com elas. As autorizadas não tinham obrigação de universalização, mas não podiam apresentar preços mais baixos que as concessionárias. Com exceção da operadora GVT, na Região Sul, nenhuma obteve sucesso. O mercado ainda é controlado basicamente por três empresas: a espanhola Telefônica (que opera rede fixa e detém metade da Vivo e a Tim), a Oi/Brasil Telecom e a mexicana Telmex, dona da Embratel, da Claro e da Net.A LGT também não inclui a banda larga como serviço essencial, ao lado da telefonia fixa. Pesquisa realizada pela International Data Corporation Brasil (IDC) indica que apenas 5% dos brasileiros têm banda larga, menos que no Chile e na Argentina, próximos de 8%.
O sociólogo Sérgio Amadeu, autor de Exclusão Digital – A Miséria na Era da Informação, diz que é necessária uma política pública no setor, como existe para saúde e educação. “Qual a estrutura básica para a inclusão digital? Banda larga. O governo deveria incluí-la no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) como estratégica. A inclusão digital, além de um direito humano, vai ajudar a melhorar a qualidade do serviço privado e reduzir os custos da comunicação”, destaca.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Nossa Caixa deixará de existir em 30 de novembro




A extinção do CNPJ do Banco Nossa Caixa e a sua consequente incorporação definitiva pelo Banco do Brasil se darão no dia 30 de novembro. Pelo menos foi o que informou a representação do BB, em reunião, no dia 03/09, em Brasília. Para Carlos Orpham, membro da Executiva do Comando dos Funcionários do banco incorporado, presente na reunião, o prazo é curto, porém possível de ser cumprido, "já que o trabalho de construção das alternativas relativas ao PCS, Plano de Saúde e previdência complementar, estão caminhando com mais celeridade", relata.


Ainda segundo o dirigente, o trabalho de reuniões nas agências deve continuar. "Eu, pessoalmente, continuarei visitando os locais de trabalho para colocar os funcionários a par de tudo o que está sendo discutido com o Banco do Brasil", garante Orpham.

sábado, 5 de setembro de 2009

A morte da Bela e as questões ambientais

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Sábado, 29/08, pela manhã, levantei, fiz o café (para agradar minha esposa, pois isso não é muito comum, não! Confesso!) e fui alimentar minha cadela vira lata, a Bela. De cara percebi que ela não estava muito bem. Foi só eu virar as costas, depois de colocar água e ração nos potes, que ela começou a ter convulsões. Foi uma atrás da outra. Levei-a ao veterinário, mas não foi possível evitar o óbito.
Morreu a bela! Uma cadelinha vira lata de apenas dois anos de idade. Que pena!

Já era quase treze horas quando saí, carregando os despojos da pobrezinha, do hospital veterinário, onde me foi informado que eu poderia levá-los ao recinto da Feccib nova, onde funciona a vigilância sanitária, que lá haveria um contêiner utilizado para recolher animais mortos para depois encaminha-los à incineração. Coloquei a querida Bela no carro e fui lá. Não deu certo. A vigilância sanitária estava fechada. Apenas a Guarda Municipal, cujo quartel também é no mesmo recinto, fazia plantão, e me informou que ali não havia recolhimento de animal morto.

Desci para a Feccib velha, pois poderia ter-me enganado. Talvez o tal contêiner ficasse lá. Que nada! Procurei o encarregado pelo recinto e ele me disse que não era ali. Que era, de fato, na feccib nova e que, provavelmente, não me atenderam por ser final de semana. E agora? O que é que eu faço com os restos mortais da minha querida Bela? Perguntei-me, em voz baixa. Voltei para casa! Levando o corpo inerte daquele serzinho que alegrou um pouco mais a minha casa durante dois anos.

Não tive alternativa. Por volta das dezesseis horas, depois de pensar o que fazer, tomei um enxadão emprestado, abri uma cova e enterrei o querido animalzinho. Obviamente, não poderia deixá-lo insepulto até segunda-feira, quando o serviço público estaria reaberto.

Em 2006, a prefeitura municipal introduziu a cobrança pelo serviço de coleta e destinação adequada do lixo hospitalar, que inclui carcaças de animais mortos. À época, uma empresa de Taquaritinga faria a coleta, incineração, autoclave e demais procedimentos pertinentes. Aos usuários caberia o pagamento de uma taxa de acordo com a quantidade de lixo produzido. O que eu imaginava é que tudo isso estivesse funcionando. Jamais poderia supor que a coleta de carcaças de animais mortos não estivesse sendo feita nos finais de semana. Afinal, animais morrem todos os dias, seja feriado, final de semana ou não.

Passei o resto do dia pensando: Bebedouro tem mesmo muitos problemas ambientais. Faltam o tratamento do esgoto e do lixo; tem o problema das matas que deveriam ser preservadas e que foram queimadas recentemente na área do futuro distrito industrial; temos áreas de mananciais sendo ameaçadas; e outros. Mas, o mais triste é ver que não temos respostas nem para problemas mais simples. Era só manter a coleta de animais mortos no fim de semana, que um deles estaria resolvido.

e-mail: carlos.orpham@yahoo.com.br