sábado, 16 de abril de 2011

Vôlei Futuro contra o pré-conceito, valeu!

(artigo publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Sábado passado liguei a televisão num canal de esportes, estava passando Vôlei Futuro versus Cruzeiro pelas semifinais da superliga masculina; o estádio na cidade de Araçatuba estava lotado e todos, ou quase todos, traziam nas mãos balões “bate-bate” cor de rosa com o nome do jogador Michael, do Vôlei Futuro; quando o jogo parava a torcida estendia uma enorme bandeira preta com a inscrição “vôlei futuro contra o preconceito”; o líbero do time de Michael, Mário Júnior, aquele jogador que entra em quadra com o uniforme de cor diferente dos demais, vestiu uma camisa estampada com as cores do arco-íris, símbolo do movimento dos homossexuais, ou homoafetivos, como prefere dizer uma amiga minha que assim se autodenomina; trabalhadores e trabalhadoras do ginásio também estavam usando camisetas cor de rosa com inscrições anti-preconceito; tudo isso porque no jogo anterior Michael foi vítima de um coro da torcida adversária toda vez que pegava na bola, principalmente para sacar “bicha, bicha, bicha...”; corajosa e muito feliz a postura da direção do Vôlei Futuro, dos atletas, do líbero Mário Júnior, da torcida e principalmente de Michael, que jogou de cabeça erguida, fez onze pontos e seu time venceu por três a dois, provocando uma terceira partida para decidir quem vai para a final da competição; Michel agradeceu a todos pelo apoio e disse que agora é preciso deixar isso de lado, embora reconheça que a luta contra a homofobia deve continuar; não pude deixar de comparar com um fato parecido ocorrido recentemente no mundo do futebol quando Richarlison, então no São Paulo Futebol Clube, sofreu discriminação parecida de um dirigente de outro clube, primeiro que ninguém, nem o clube, nem jogadores, nem comissão técnica, ninguém, levantou um único dedo para repudiar o preconceito homofóbico, nem o próprio jogador o fez, em vez de denunciar o agressor por crime de pré-conceito entrou com ação por danos morais, o que deixou, certamente, o movimento dos homoafetivos fulos da vida, a coisa ficou desse jeito e até hoje jogadores e torcedores são-paulinos são chamados de “bambis” pelos adversários; como Richarlison está defendendo as cores do Clube Atlético Mineiro talvez esse apelido apareça também por lá, já que ninguém parece ter a coragem de tomar atitudes como a do Vôlei Futuro, dando espaço para que pessoas como um tal deputado federal Jair Bolsonaro dispare num programa de TV que homoafetivos têm desvio moral e má educação; coincidentemente essa semana a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro - Contraf-CUT – distribuiu a todos os dirigentes bancários do país uma cartilha denominada “Construindo a igualdade de oportunidades”, alertando que todos nós somos responsáveis por combater o pré-conceito e a discriminação no local de trabalho e fora dele, que não são apenas uma questão de intolerância às diferenças ou negação da cidadania, são também instrumentos a serviço do capital para aumentar a exploração sobre o trabalho, por isso devem ser combatidos e eliminados; a construção de uma sociedade mais justa e igualitária passa obrigatoriamente por reconhecermos e aceitarmos as diferenças; se você achou esquisito o jeito que escrevi esse texto, num parágrafo só, olha o pré-conceito, eu gostei.