terça-feira, 30 de março de 2010

Mídia partidarizada ou partido midiatizado?

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

A grande mídia brasileira é uma vergonha. Como bem diz Mino Carta, não há nenhum problema em uma revista ou um jornal se posicionar politicamente a favor deste ou daquele candidato, deste ou daquele partido político. O que é preciso é que o veículo informativo deixe bem clara ao leitor a sua preferência. Ou seja, ela não pode ser fingindo que não é. Trata-se de uma questão ética.

Na semana passada, o jornalista Mauro Carrara, denunciou no blog Escrivinhador uma articulação da mídia contra o PT, o presidente Lula e a ministra Dilma. Apelidada de “Tempestade no Cerrado” a operação seria um bombardeio midiático sobre o governo Lula.

Segundo o jornalista, a ordem nas redações da Editora Abril, de O Globo, do Estadão e da Folha de S. Paulo é disparar sem piedade, dia e noite, sem pausas, contra o presidente, contra Dilma Rousseff e contra o Partido dos Trabalhadores. “A meta é produzir uma onda de fogo tão intensa que seja impossível ao governo responder pontualmente às denúncias e provocações”, relata Carrara no blog e ainda cita a seguinte cartilha de ataque: 1) Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet; 2) Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata. 3) Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã; 4) Elevar o tom de voz nos editoriais; 5) Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”; 6) Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto; 7) Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias; 8) Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.

Carrara fala ainda dos crimes anônimos na Internet e destaca três: 1) O “Bolsa Bandido”. Refere-se a uma lei aprovada na Constituição de 1988 e regulamentada pela última vez durante o governo de FHC. Esses fatos são, evidentemente, omitidos. O auxílio aos familiares de apenados é atribuído a Lula. Para completar, distorce-se a regra para a concessão do benefício; 2) Dilma “terrorista”. Segundo esse hoax, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”; 3) O filho encrenqueiro. De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil.

Se procedente a denúncia, não seria a primeira vez que a mídia partidarizada agiria assim. Já vimos esse filme em outras eleições. O que assusta é que em vez de diminuir, isso aumenta e fica mais requintado.

domingo, 14 de março de 2010

Quem é o pequeno tucano de penugem rala e sem viço?

Várias pessoas têm me perguntado quem é o pequeno tucano de penugem rala e sem viço do artigo que escrevi ao Jornal Impacto publicado aqui no blog sob o título: PT, 30 anos, maduro e responsável.
Trata-se do deputado estadual Vaz de Lima, que escreveu na gazeta um texto com um tom preconceituoso, arcaico e terrorista contra o PT e a ministra Dilma Rousseff. O artigo é muito ruim. Denota um total despreparo e desespero de uma direita que perdeu o tino, que quer transformar a política, sobretudo a campanha eleitoral, num jogo de vale tudo onde a ética e a verdade pouco importa, o que importa mesmo é destruir o adversário a qualquer preço. Mesmo que esse adversário esteja melhorando o Brasil.

sábado, 13 de março de 2010

Orpham recebe Edinho Silva, presidente estadual do PT

Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e atual presidente estadual do PT, esteve em Bebedouro nessa sexta-feira, 12, visitando seus correligionários petistas e o prefeito Italiano. Recebido por Carlos Orpham no Sindicato dos Bancários, falou aos membros do Diretório Municipal do partido sobre a organização da campanha de Dilma à presidência da república, da qual será o coordenador no estado de SP.
Segundo Edinho, a campanha será caracterizada por muita baixaria da oposição, como as matérias articuladas e requentadas publicadas recentemente pela Isto é e Veja, respectivamente sobre Pimentel e Bancoop. Mesmo assim, o coordenador estadual da campanha Dilma-presidenta acredita na vitória e na continuidade do projeto político que está melhorando o Brasil com o presidente Lula.
Para o governo do Estado de São Paulo, Edinho também acredita que é possível ao Partido dos Trabalhadores ganhar as eleições, colocando um fim na hegemonia do PSDB/DEM no estado mais rico da federação. "Com candidatura própria ou com Ciro Gomes, vamos ganhar", prevê.
Visita à prefeitura - Após a reunião com membros do diretório municipal, Edinho seguiu para a prefeitura, acompanhado de Carlos Orpham, onde teve uma rápida conversa com o prefeito Italiano. Edinho retribuiu a visita de Italiano ao seu escritório político em Araraquara no mês passado e se colocou a disposição para ajudar a cidade, sobretudo em relação ao programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal, que está com a papelada emperrada.
Segundo Carlos Orpham, "o PT sempre esteve com disposição de ajudar a cidade e vai continuar assim, independente de quem seja o prefeito", disse o dirigente ao blog.

PT, 30 anos, maduro e responsável

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

O Partido dos Trabalhadores chega aos seus trinta anos de idade com o mérito de dar vez e voz aos trabalhadores, aos “de baixo” no linguajar do grande pedagogo pernambucano Professor Paulo Freire. Desde as lutas pelas eleições diretas no final da ditadura militar sua trajetória vem sendo de amadurecimento e responsabilidade. A negativa de participar do Colégio Eleitoral dentro da visão de abertura lenta, gradual e segura do famigerado General Golbery, marcou sua saudável rebeldia, própria da juventude. De lá para cá o PT governou capitais e cidades menores, elegeu governadores de estado e hoje tem o seu principal quadro político como mandatário máximo da nação, o presidente Lula.

Nesses sete anos no governo federal, o PT e o presidente Lula apresentam resultados expressivos, como a redução da pobreza, a recuperação da economia em tempos de crise combinada com a geração de 11 milhões de empregos, a credibilidade internacional, as políticas de inclusão social como o Pró-Uni, e tantos outros. Nos tempos de FHC e do então ministro José Serra o Brasil vivia de joelhos ao FMI, com a economia em queda, as empresas quebrando e o desemprego aumentando. Nos oito anos do governo demotucano só foram criadas 800 mil novas vagas no mercado de trabalho, menos de 10% do que se criou agora o governo do PT.

Esses trinta anos, então, devem ser comemorados em alto estilo. Já começou com o 4º Congresso partidário realizado em Brasília no mês de fevereiro, que entre outras deliberações aclamou a Ministra Dilma como candidata a presidenta da república nas eleições de outubro desse ano.

Tudo isso está deixando a neodireita demotucana desesperada, tanto o amadurecimento do partido e os resultados apresentados pelo governo petista, quanto a sua capacidade de produzir uma candidatura que tem tudo para ser a sucessora de Luiz Inácio no Palácio do Planalto.

Dia desses, escreveu na (sua) imprensa dos laranjais um pequeno tucano (ou seria papagaio?) de penugem rala e sem viço, que perambula no mundo da política muito mais pelo poder econômico do que por suas qualidades pessoais (se é que algum deles as tem), requentando um discurso arcaico, preconceituoso e terrorista contra o Partido dos Trabalhadores e a ministra Dilma. A ele e a seus chefes de plumagem mais lustrosas nossa resposta vem com trabalho, serenidade e capacidade de construir um país melhor para os brasileiros.

A exemplo do pedágio tucano em São Paulo que é dez vezes mais caro do que o das rodovias federais, o povo vai continuar fazendo as comparações e nas eleições de outubro, de fato, só vai se enganar se quiser.

terça-feira, 2 de março de 2010

Privatizações à moda tucana

(Autor: Mino Carta - Carta Capital 01/03/2010)

Basta que Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República recém-ungida por Lula, faça referências bastante genéricas à natural, inescapável relação entre Estado e Economia, e de pronto o deus nos acuda se estabelece. Quem acompanha a cobertura jornalística, quem lê os editoriais dos jornalões, fica exposto à sensação (à certeza?) de que, se Dilma ganhasse as próximas eleições, o Brasil cairia nas mãos da horda estatizante. Mauricio Dias, em sua Rosa dos Ventos, agudamente avisou, faz duas semanas, que a divergência quanto à correta interpretação do papel do Estado nos domínios econômicos acabaria por excitar cada vez mais o debate eleitoral. Pois a questão está posta, e ganha tons exasperados, e até anacrônicos, na convicção medieval de que aos barões cabe a propriedade de tudo. Na edição desta semana (da revista Carta Capital), o confronto já esboçado está na capa. Aqui me agrada recordar certas, fundamentais circunstâncias em que se deram as privatizações celebradas como trunfo do governo de Fernando Henrique Cardoso, entre elas, em primeiro lugar, o desmantelamento da velha Telebrás, leiloada para uma plateia de barões à sombra do martelo de um punhado de extraordinários leiloeiros. Final de 1998, FHC já reeleito, mas ainda não empossado, para o segundo mandato. Operação entregue aos cuidados do então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, de André Lara Resende, presidente do BNDES, de Ricardo Sergio de Oliveira, diretor do Banco do Brasil. Entre outros menos qualificados. Grampos variados acabaram por revelar o pano de fundo de uma bandalheira sem precedentes na história pátria. Foi uma orgia de fitas. Em sua reportagem de capa da edição de 25 de novembro de 1998, CartaCapital dizia: "Fala-se em 27, mas certeza só tem quem participou dos grampos". Ilegais, obviamente, e desde o início do ano destinados a ouvir as conversas do próprio Luiz Carlos Mendonça de Barros, que ainda estava na presidência do BNDES. O que movia os grampeadores, adversários de Mendonção, era buscar as razões da vertiginosa ascensão da Link Corretora de Mercadorias Ltda., dos filhos do grampeado: em quatro meses de atividade tornara-se a terceira operadora no ranking do Índice Bovespa Futuro. "Cerca de 40% desse índice – sublinhava CartaCapital – era composto por ações da Telebrás, empresa sob o comando do presidente do BNDES." O cerco a Mendonção prosseguiu mesmo quando ele se mudou para o Ministério das Comunicações, e ali, no seu gabinete, as gravações mais significativas, relativas ao leilão da Telebrás, foram executadas entre 21 de julho e 21 de agosto de 98. O próprio governo, pego no contrapé, cuidou de divulgar uma versão da fitalhada, com cópias generosamente fornecidas às semanais Veja e Época. Cópias amplamente manipuladas, para provar a lisura dos comportamentos das figuras governistas chamadas a conduzir a privatização do sistema. Ocorre que outros ouvidos entraram em cena, e tiveram acesso a largos trechos cancelados nas versões oficiais. Os ouvidos de Luiz Gonzaga Belluzzo e do acima assinado, que participaram de uma audição especial, e do então redator-chefe, Bob Fernandes, privilegiado em outra ocasião. Cito algumas passagens edificantes, que não figuravam nos textos de Veja e Época. De Mendonção para o irmão José Roberto: "O negócio tá na nossa mão, sabe por quê, Beto? Se controla o dinheiro, o consórcio. Se faz aqui esses consórcios borocoxôs são todos feitos aqui. O Pio (Borges, vice-presidente do BNDES) levanta e depois dá a rasteira". De Mendonção para André Lara Resende, novo presidente do BNDES: "Temos de fazer os italianos na marra (Telecom Italia) que estão com o Opportunity (...) fala para o Pio que vamos fechar (os consórcios) daquele jeito que só nós sabemos fazer". De André Lara Resende para Persio Arida, sócio de Daniel Dantas no Opportunity: "Vá lá e negocia, joga o preço para baixo, depois, na hora, se precisar, a gente sobe e ultrapassa o limite". As pressões chegam ao clímax, e Mendonção propõe: "Temos que falar com o presidente". E Resende: "Isso seria usar a bomba atômica!" E ele a usa: "Precisamos convencer a Previ", recomenda a FHC. A Previ poderia prestar-se ao jogo, como se prestou no caso da privatização da Vale do Rio Doce. O fundo, contava Carta-Capital na reportagem de capa assinada por Bob Fernandes, "parecia compor-se com o grupo capitaneado por Antonio Ermírio de Moraes, à última hora bandeou-se para a nau pilotada por Benjamin Steinbruch". Na manobra para enredar a Previ no caso do leilão da Telebrás, foi decisiva, segundo os trechos omitidos das versões oficiais, a pronta colaboração de Ricardo Sergio, o diretor do Banco do Brasil. Tal é o bastidor das privatizações à moda nativa, ou melhor, tucana. Ou fernandista, se quiserem. A trupe dos privatizadores abandonou a ribalta faz bom tempo, mas não é arriscado imaginar que viva dias pacatos. O mais ostensivo, no seu bem-bom, é André Lara Resende, hoje dono de uma quinta em Portugal. Devotado aos esportes equestres, freta aviões para importar seus cavalos.