sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Vai dar AVC no DEM e no PSDB!

Ricardo Gomes, técnico do São Paulo Futebol Clube, infelizmente, teve um Acidente Vascular Cerebral durante a partida de seu time (aliás, meu também) contra o Palmeiras no domingo 21. O glorioso tri-campeão mundial e hexa brasileiro não está empolgando e naquela partida, em especial, foi muito mal.

Se a moda pegar vai ter mais gente tendo AVCs por aí. Os demotucanos são candidatos em potencial. Estão desesperados com os bons resultados do governo federal, com a popularidade de Lula e com a consistência da candidatura Dilma.

Escrevi um texto sobre isso sob o título: PT, 30 anos, maduro e responsável, que deverá ser publicado no Jornal Impacto na edição de 6 e 7 de março. Dê uma lida.

Abraço.
Orpham

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Redução da jornada: será que agora sai?

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

A campanha pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, intensificada nos dias que antecederam o carnaval, tem enfrentado uma dura resistência por parte dos empresários e seus representantes no Congresso Nacional.

Para ajudar nesse debate, o DIEESE apresentou uma nota na qual volta a reafirmar que o Brasil apresenta condições para implementar a redução da jornada de trabalho e, mais que isso, tem necessidades que demandam a adoção dessa medida.

O custo com salários no Brasil é muito baixo quando comparado com outros países. Segundo informações do Departamento de Trabalho Americano (U.S Department of Labor, Bureau of Labor Statistics, 2009), o custo horário da mão de obra manufatureira em 2007 foi na Alemanha US$ 37,66; no Reino Unido US$ 29,73; na França US$ 28,57; nos Estados Unidos US$ 24,59; na Espanha US$ 20,98; no Japão US$ 19,75; na Coréia US$ 16,02; em Singapura US$ 8,35; em Taiwan US$ 6,58; no Brasil US$ 5,96. Assim, a redução da jornada de trabalho não traria prejuízos à competitividade das empresas brasileiras.

Partindo de um cálculo incorreto, os empresários defendem a tese de que os encargos sociais representam 102% do salário dos trabalhadores. Vários itens que eles consideram encargos nessa conta são, na verdade, parte da remuneração do trabalhador, como é admitido pelos próprios consultores empresariais. Encargo social é a parte do custo do trabalho que não vai para o bolso do trabalhador. Os empresários consideram como se fosses encargos férias, 13º salário, descanso semanal remunerado, FGTS. Tudo isso vai para o bolso do trabalhador, portanto, não é encargo social.

Encargos sociais são a contribuição para o INSS, para o chamado Sistema “S”, entre outros, que representam 25,1% da remuneração total do trabalhador, não 102% como afirmam.

O peso dos salários no custo total de produção no Brasil é baixo, em torno de 22% de acordo com a CNI. Uma redução de 9,09% na jornada (de 44 para 40 horas) representaria um aumento no custo total da produção de apenas 1,99%.

O Brasil tem mais de 3 milhões de desempregados. Segundo estudos do próprio DIEESE a redução da jornada das atuais 44 para 40 horas semanais podem gerar mais de 2,5 milhões de novas vagas.

A duração da jornada efetivamente trabalhada no Brasil é uma das maiores no mundo. Soma-se ainda, a isto, a falta de limitação semanal, mensal ou anual para a realização de horas extras. Em diversos países há limitação anual para a realização de horas extras, como na Argentina, Uruguai, Alemanha, França, cujos limites ficam entre 200 e 280 horas/ano, em torno de 4 horas extras por semana. O fim das horas extras teria um potencial para gerar em torno de 1 milhão de postos de trabalho. Por esta razão, é necessário combinar a redução da jornada com mecanismos que coíbam e limitem a utilização das horas extras.

Num ambiente de crescente necessidade do setor produtivo que seus trabalhadores se qualifiquem, a redução da jornada sem redução dos salários possibilitaria mais horas para que ele pudesse qualificar-se.

A redução da jornada de trabalho, também possibilita aos trabalhadores dedicar mais tempo para o convívio familiar, o estudo, o lazer e o descanso, melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O carnaval da CUT

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

“Vai passar nessa avenida um samba popular / Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar / Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais / Que aqui sangraram pelos nossos pés / Que aqui sambaram nossos ancestrais / Num tempo página infeliz da nossa história / passagem desbotada na memória / Das nossas novas gerações / Dormia a nossa pátria mãe tão distraída / sem perceber que era subtraída / Em tenebrosas transações / Seus filhos erravam cegos pelo continente, / levavam pedras feito penitentes / Erguendo estranhas catedrais / E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz / Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval, / o carnaval, o carnaval / Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos / O bloco dos napoleões retintos / e os pigmeus do boulevard / Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar / A evolução da liberdade até o dia clarear / Ai que vida boa, ô lerê, / ai que vida boa, ô lara / O estandarte do sanatório geral vai passar / Ai que vida boa, ô lerê, / ai que vida boa, ô lara / O estandarte do sanatório geral... vai passar”.


Essa bela música (mais uma) de Chico Buarque de Holanda em parceria com Francis Hime fala, em outros tempos, de como o carnaval pode ser utilizado como instrumento de alienação política. Pensando nisso a Central Única dos Trabalhadores resolveu se meter nessa história e deixar a marca dos trabalhadores na festa mais popular do país. Desde o ano de 2007, quando os trabalhadores foram homenageados pela escola paulistana Tom Maior e a CUT/SP foi escolhida para representá-los, vários sindicatos cutistas passaram a interagir com a comunidade e a participarem das atividades da escola.

O tema do enredo deste ano será, “Brasília, do sonho à realidade”, uma homenagem de São Paulo aos 50 anos da Capital do Brasil. Mostrará o início da saga com as belezas naturais do serrado e do Planalto Central; as levas de migrantes das mais variadas partes do Brasil, buscando esperança, prosperidade e realizações; os sonhos de JK; a criatividade de Oscar Niemayer, Lucio Costa e Burlemax; e, enfim, uma cidade construída.

Tem quem não goste, mas a iniciativa de utilizar o sambódromo como mais um espaço de expressão dos trabalhadores me parece acertado. Afinal nossas lutas, bandeiras e aspirações devem estar fincadas em todos os espaços visíveis. Além disso, a festa também é gostosa. Depois da quarta-feira de cinzas tudo volta ao normal e a luta continua, companheiro!

Tomara que a Tom Maior seja a escola vitoriosa no carnaval paulistano e a classe trabalhadora também, em sua luta por uma sociedade melhor, mais solidária, justa e fraterna!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Nunca é tarde para aprender e transformar-se

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

Sempre concordei com a afirmação de que nunca é tarde para se aprender algo novo. Mas confesso que jamais imaginei que aconteceria comigo de uma maneira tão natural. Durante minhas férias, que já estão terminando, resolvi aprender a fazer coisas diferentes. Por incrível que pareça aos 47 anos de idade eu não sabia fazer nada na cozinha, a não ser café. Digo “não sabia”, no passado, por que agora eu sei. Há uns vinte dias atrás pedi para minha esposa me ensinar a fazer comida, arroz, feijão, carne, salada, essas coisas triviais. Resultado: daquele dia para cá só eu cozinho em casa, exceto nos três dias em que interrompi minhas férias para fazer um trabalho na cidade de Bauru.

E não é que estou gostando! Na semana passada eu fiz uma carne de panela que ficou melhor do que a da minha esposa, pelo menos eu achei.

Logo minhas férias terminam e vai ser difícil continuar com o mesmo ritmo, porém tenho a sensação de que cresci um pouco mais como pessoa aprendendo algo novo, dando a devida importância para quem executa esse tipo de serviço e sentido o prazer de proporcionar alimento para outras pessoas. É impressionante como têm razão os cozinheiros ao falarem da satisfação que sentimos diante do elogio de que a comida está gostosa. Dá satisfação mesmo!

Resolvi escrever sobre essa minha experiência na cozinha, porque achei que isso seria mais útil do que falar sobre o mato alto que tomou conta da cidade ou de qualquer outro problema que enfrentamos no espaço urbano e nos serviços públicos.

Na semana passada escrevi sobre a geração de onze milhões de empregos durante o Governo Lula e da luta dos sindicatos para ampliar as conquistas dos trabalhadores. Desta vez quero falar sobre a luta pelas conquistas pessoais. Pode parecer bobagem, mas a experiência de aprender a cozinhar está me fazendo muito bem. Meus filhos estão vendo um pai cumprindo um papel que eles não conheciam, estão me dando mais valor. Eu sinto isso. Minha esposa está radiante. Conta para todo mundo a novidade. “O Carlos está cozinhando, menina”, fala para as amigas.

Sei que para muita gente, ir para a cozinha não tem nada de excepcional, mas para mim que nunca tinha fritado nem um ovo, é muita coisa. Por falar nisso, já é tarde, eu deixei para escrever esse texto durante a noite, e preciso terminá-lo agora, porque amanhã é outro dia e eu preciso ver o que farei de almoço amanhã. Até a semana que vem!