sábado, 24 de outubro de 2009

As facilidades da tecnologia e o emprego


(artigo publicado originalmente no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)


Os bancos já estão fazendo o cadastramento dos clientes (pessoas físicas e jurídicas) interessados em aderir à cobrança eletrônica de suas contas, abolindo os boletos bancários. É o tal Débito Direto Autorizado (DDA), sistema inédito no mundo criado por 70 bancos através da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Segundo os bancos, o DDA será uma forma prática e segura para pessoas e empresas controlarem suas finanças, evitando uma série de transtornos do dia a dia, com a tramitação dos boletos. Poderão ser cobrados, por esse sistema, mensalidades escolares, planos de saúde, condomínios, financiamento de imóvel e de veículo. As contas de água, luz e telefone não estão incluídas.

Atualmente, no país, são confeccionados 2 bilhões de bloquetos de cobrança por ano, e a expectativa é de que em cinco anos a metade migre para o DDA.
É lógico que os bancos estão promovendo essa mudança toda por causa dos ganhos que terão com isso. Ganhos, aliás, que não devem ser pequenos, pois o setor bancário vai investir R$ 2,5 milhões em propaganda para esclarecer clientes e usuários sobre as conveniências do novo sistema de cobrança. Além do ganho com a diminuição dos custos operacionais é possível que as instituições bancárias cobrem tarifas pelo serviço.

É claro que existem aspectos positivos com a implantação desse novo sistema. Dados divulgados pela própria Febraban indicam que a abolição do uso total dos boletos bancários significaria uma economia de 1 bilhão de litros de água por ano, reduzindo a emissão de milhões de quilogramas de dióxido de carbono na atmosfera, além da economia de energia, papel, etc..

O público, por sua vez, terá sua vida facilitada ficando livre de transtornos para o recebimento de correspondências, manuseio de papéis, e terá a vantagem de não ter que ir até o banco para pagar suas contas.

Tudo isso, porém, nos remete a uma antiga reflexão: o avanço tecnológico tem que vir sempre a serviço do homem, jamais pode trazer-lhe infelicidade. Nesse caso, ele não pode aprofundar o desemprego que já é preocupante no setor bancário e fora dele também.

Por isso é que se torna fundamental a vitória das Centrais Sindicais, sobretudo da CUT, em sua luta por medidas que aumente a oferta de empregos, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário. Conciliar avanço tecnológico com qualidade de vida e justiça social é um grande desafio. Alguém tem que pensar nisso, e o movimento sindical é um protagonista fundamental nesse processo.

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