terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O carnaval da CUT

(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

“Vai passar nessa avenida um samba popular / Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar / Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais / Que aqui sangraram pelos nossos pés / Que aqui sambaram nossos ancestrais / Num tempo página infeliz da nossa história / passagem desbotada na memória / Das nossas novas gerações / Dormia a nossa pátria mãe tão distraída / sem perceber que era subtraída / Em tenebrosas transações / Seus filhos erravam cegos pelo continente, / levavam pedras feito penitentes / Erguendo estranhas catedrais / E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz / Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval, / o carnaval, o carnaval / Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos / O bloco dos napoleões retintos / e os pigmeus do boulevard / Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar / A evolução da liberdade até o dia clarear / Ai que vida boa, ô lerê, / ai que vida boa, ô lara / O estandarte do sanatório geral vai passar / Ai que vida boa, ô lerê, / ai que vida boa, ô lara / O estandarte do sanatório geral... vai passar”.


Essa bela música (mais uma) de Chico Buarque de Holanda em parceria com Francis Hime fala, em outros tempos, de como o carnaval pode ser utilizado como instrumento de alienação política. Pensando nisso a Central Única dos Trabalhadores resolveu se meter nessa história e deixar a marca dos trabalhadores na festa mais popular do país. Desde o ano de 2007, quando os trabalhadores foram homenageados pela escola paulistana Tom Maior e a CUT/SP foi escolhida para representá-los, vários sindicatos cutistas passaram a interagir com a comunidade e a participarem das atividades da escola.

O tema do enredo deste ano será, “Brasília, do sonho à realidade”, uma homenagem de São Paulo aos 50 anos da Capital do Brasil. Mostrará o início da saga com as belezas naturais do serrado e do Planalto Central; as levas de migrantes das mais variadas partes do Brasil, buscando esperança, prosperidade e realizações; os sonhos de JK; a criatividade de Oscar Niemayer, Lucio Costa e Burlemax; e, enfim, uma cidade construída.

Tem quem não goste, mas a iniciativa de utilizar o sambódromo como mais um espaço de expressão dos trabalhadores me parece acertado. Afinal nossas lutas, bandeiras e aspirações devem estar fincadas em todos os espaços visíveis. Além disso, a festa também é gostosa. Depois da quarta-feira de cinzas tudo volta ao normal e a luta continua, companheiro!

Tomara que a Tom Maior seja a escola vitoriosa no carnaval paulistano e a classe trabalhadora também, em sua luta por uma sociedade melhor, mais solidária, justa e fraterna!

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