sábado, 26 de setembro de 2009

Para os bancos, nem tsunami, nem marolinha, só alegria

(Artigo publicado originalmente no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)

A crise sistêmica mundial iniciada no ano passado com a implosão do gigante americano, Lehman Brothers, não conseguiu afetar os bancos brasileiros. Nem sequer a marolinha prevista pelo presidente Lula para o Brasil, passou perto das portas de Bradesco e Itaú, que lucraram mais de R$ 4 bilhões cada um, no primeiro semestre desse ano. Lucro esse, aliás, igual ao do Banco do Brasil.

Vejam que esse lucro foi apenas no primeiro semestre, o que nos leva a crer que ao final do ano esse total deverá dobrar. Ou seja, mais de R$ 8 bi cada um para festejar o Natal de 2009. Para que o leitor tenha uma idéia mais clara do quanto significa esse valor, vale a pena fazer aqui um cálculo rápido. O orçamento desse ano da Prefeitura de Bebedouro é de R$ 120 milhões. Portanto, o lucro líquido que cada um desses bancos vai colocar no bolso em apenas um ano corresponde ao total necessário para gerir uma cidade de 80 mil habitantes durante 66 anos. É ou não é muito dinheiro?

Enquanto isso, na campanha nacional dos bancários, cuja data base é setembro, as coisas não andam tão boas quanto nos cofres dos afortunados cartolas do sistema financeiro nacional. A FENABAN – Federação Nacional dos Bancos - oferece aos bancários um índice de reajuste salarial de apenas 4,5%, o que repõe apenas as perdas com a inflação do período, e uma formulação de PLR – Participação nos Lucros e Resultados - bem inferior à que já tivemos nos anos anteriores.

Apesar de a campanha ser dos bancários, esse é um tema que interessa a toda a população, pois também estão em debate: a geração de mais empregos, a diminuição das taxas de juros e um melhor atendimento à população.

Por incrível que pareça, num setor altamente lucrativo como é o financeiro, o número de postos de trabalho vem diminuindo. Segundo o CAGED do Ministério do Trabalho os bancos fecharam 1.340 vagas no primeiro semestre desse ano. Sob a alegação de uma crise que sequer passou perto das agências bancárias.

O argumento utilizado pelos cartolas para as taxas de juros elevadas e o conseqüente maior spread bancário do mundo é o alto índice de inadimplência. Apesar do novo cenário econômico com a Selic e a inadimplência caindo, as taxas praticadas pelos bancos continuam elevadas, o que comprova a falta de vontade de ajudar o país a crescer e gerar empregos.

Uma pergunta que sempre fiz é, porque que os bancos têm que abrir às 10h:00 e fechar as 15h:00? Enquanto os outros estabelecimentos abrem mais cedo e fecham mais tarde!
Por isso, os bancários estão cobrando dos banqueiros, que as agências abram às 09h:00 e fechem às 17h:00 com dois turnos de trabalho. Isso faria com que os bancos contratassem mais trabalhadores e melhoraria muito o atendimento à população, que já não agüenta mais tanta fila.

Carlos.orpham@yahoo.com.br

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