(Artigo publicado originalmente no Jornal Impacto - Autor: Carlos Orpham)
Dia desses, assistindo à TV Senado, ouvi um pronunciamento do senador pelo Rio Grande do Norte, José Agripino, do DEM, que fazia críticas ao Governo Federal, dizendo que o Presidente Lula gostava de “estado gordo”, “pesado”, pois estaria contratando um alto número de servidores federais. Argumentava o senador, que, em tempos de crise isso seria inadmissível, pois representava um “gasto” excessivo aos cofres públicos.
A veemência com que o parlamentar defendia sua idéia era tão marcante que passei a entender que aquilo não era uma mera crítica oposicionista, ele, de fato, tem essa concepção. O estado, para ele, tem que ser mesmo pequeno, mínimo. Ocorre que o estado é, fundamentalmente, prestação de serviços aos mais pobres. E prestação de serviço requer pessoal. O que o senador chama de “gasto”, para nós é “investimento”, pois melhora a qualidade da prestação dos serviços públicos e ainda gera emprego.
Os servidores a serem contratados (o que deve demorar, por causa dos cortes no orçamento), foram aprovados em concurso público, portanto não são apadrinhados, e suprirão vagas, entre outras, nas áreas da saúde, educação e previdência.
Quando o presidente Lula assumiu em 2002, fazia quase 20 anos que o INSS não realizava concurso público, o que ocasionava as intermináveis filas e as justas greves dos funcionários do instituto. Hoje, com mais funcionários, as filas praticamente não existem e as aposentadorias que não demandam comprovações extras podem ser requeridas e concedidas em 30 minutos.
Evidente que para o Senador Agripino, seus familiares e muitos dos que pensam como ele, o Estado não faz falta. Saúde: usam a particular, não a pública! Educação, idem (só quando estão na faculdade é que usam a pública, porque é melhor! Mas aí eles aceitam os investimentos públicos. Afinal, os beneficiam)! Segurança: também usam a particular, inclusive morando em condomínios fechados. Assim, é possível entender o senador do DEM potiguar. Ele nunca soube, nem vai saber, o que é precisar de atendimento médico na rede pública. Nunca sofreu na pele a falta de creche. Nem nunca pernoitou numa fila do INSS.
O Estado só tem razão de ser se for para fazer justiça social, para melhorar a vida dos mais pobres e não o contrário, ajudar a concentrar cada vez mais as riquezas nas mãos dos mais ricos. Infelizmente tem muitos outros políticos como o senador, que pensam só em si e em seus iguais.
Entretanto, uma última observação é importante destacar: eles não fazem o mesmo discurso quando olham no olho de seus representados: o povo sofrido do nordeste, que está vendo sua vida melhorar com o governo Lula.
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