Escândalos de corrupção no Distrito Federal concentram atenções na internet. A alegação do governador de que recursos seriam para comprar panetone para crianças carentes é ridicularizada
O escândalo de corrupção no governo do Distrito Federal é o tema do dia para blogues de política partidários do governo Lula. Um dos alvos mais frequentes é a alegação do governador José Roberto Arruda (DEM) de que os valores sobre os quais aparece em gravações e vídeos negociando seriam para comprar panetones a crianças carentes.
Outro ponto é a proximidade entre o acusado e o governador José Serra (PSDB), já que Arruda chegou a ser cotado como candidato a vice-presidência em uma chapa de tucanos e democratas.
Descoberto pela Operação Caixa de Pandora, deflagrada na sexta-feira (27), o esquema de corrupção distribuía verbas a parlamentares e secretários do DF, segundo a Polícia Federal (PF). Os recursos seriam captados irregularmente junto a empreiteiras e empresas de informática.
Rodrigo Vianna lembra uma reportagem de 2008 da Folha On line em que se discute o significado eleitoral de uma parceria técnica entre Distrito Federal e São Paulo. Arruda declarava, à época, estar "copiando" projetos bem sucedidos de Serra. "Que projeto seria esse? A compra de panetones com dinheiro cedido por empresas que prestam serviços ao Estado?", escreveu.
"Agora, Serra ficou também sem vice", prosseguiu. Se o tucano tem problemas para compor a chapa, Vianna faz uma ressalva: "Nesse quesito, Dilma não vai melhor: Michel Temer como vice é de lascar", lamentou.
Paulo Henrique Amorim, em seu Conversa Afiada, lembrou que Arruda era líder do governo Fernando Henrique Cardoso quando foi acusado de envolvimento na violação do painel do Senado. Ele teve de renunciar para escapar da cassação do mandato.
No mesmo blogue, Vianna lembrou de entrevista concedida por Arruda à revista Veja, sob o título "Ele deu a volta por cima", em referência ao escândalo da violação do painel do Senado em 2001. Na ocasião, o governador afirmou que o limite do fisiologismo que ele tolerava em sua gestão era "o limite ético", quer dizer "não dar mesada, não permitir corrupção endêmica, institucionalizada".
A entrevista à publicação da editora Abril, aliás, havia sido alvo de suspeita ainda em julho, quando foi divulgada. A jornalista Paola Lima apresentou, à época, nota de empenho de R$ 442 mil para a editora para aquisição de revistas. Embora não houvesse ilegalidade, a ação foi cancelada após revelada a operação.
Carlinhos Medeiros, do Bodega Cultural, ironiza a versão de que os recursos serviriam para comprar panetones a crianças carentes. "Arruda, não esquece o meu!", postou. Ele ainda criticou a cobertura e a análise da imprensa que mantém cautela ao analisar o escândalo, sempre mantendo condicionais para descrever o caso.
Castelo de areia
O jornalista Carlos Motta qualifica de debandada a saída do PPS e do PSDB da base de apoio de Arruda. "Arruda já era", escreveu. "Agora vamos ver no que vai dar o caso dos tucanos paulistas, acusados de receberem dinheiro da construtora Camargo Corrêa", relaciona.
A referência é a denúncia publicada no sábado pelo jornal O Estado de S.Paulo que aponta indícios de repasses da empreiteira Camargo Corrêa ao Palácio dos Bandeirantes. Em outra operação da PF, a Castelo de Areia, documentos apreendidos trazem valores em dólar que seriam repassados à sede do governo paulista desde 1996.
"Bem que o TSE avisou o DEM é o partido mais corrupto do Brasil", ironizou Jussara Seixas, do Blog da Dilma. Ela cita levantamento do Tribunal Superior Eleitoral que apresenta a legenda é a que mais teve prefeitos, vereadores e deputados cassados por corrupção.
"O DEM ex-PFL foi minguando nas eleições de 2006, 2008, tornou-se um partido nanico", descreveu. "Rabo do PSDB, está em fase terminal, está sendo palco de corrupção explicita, nunca vista antes neste país", arrematou.
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