(artigo originalmente publicado no Novo Jornal - autor: Carlos Orpham)
Todo mundo sabe que para um país ir para frente precisa investir pesado em educação e cultura. Os dados do estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) denominado Presença do Estado no Brasil: Federação, Suas Unidades e Municipalidades, demonstram nossa fragilidade nessas áreas. A pesquisa, inédita, mostra a estrutura física do Estado brasileiro e a incidência de seus serviços.
Para o economista Márcio Pochmann, presidente do Instituto autor do estudo, se o Brasil quiser passar da nona para a quinta posição no ranking mundial das maiores economias do mundo, terá de vencer alguns “gargalos” nos investimentos públicos nas três esferas de governo - municipal, estadual e federal - principalmente nas áreas de educação e cultura.
Cursos universitários públicos, por exemplo, só estão disponíveis em 157 dos 5.562 municípios brasileiros, o equivalente a 2,8% do total de cidades. A maior parte (46%) concentra-se na Região Sudeste.
Cursos universitários públicos, por exemplo, só estão disponíveis em 157 dos 5.562 municípios brasileiros, o equivalente a 2,8% do total de cidades. A maior parte (46%) concentra-se na Região Sudeste.
O ensino médio ainda não está universalizado. A pesquisa constatou que 46 cidades não têm estabelecimento público de ensino médio, em oito estados, sendo os cinco com maior número de municípios sem esse serviço Minas Gerais (16), Rio Grande do Sul (12), Alagoas (10), Tocantins (2) e Pernambuco (2).
Quanto aos investimentos culturais, a pesquisa mostra que em 2.953 municípios não há estabelecimentos públicos nesse segmento, quer sejam museus, casas de cultura ou de espetáculos. Desse total, 37% estão no Nordeste.Apenas 905 cidades têm museus ou salas de espetáculo, o que significa 16,3% do total. O levantamento indica ainda que 44,7% dos brasileiros, em metade do território, não têm nenhum acesso a equipamentos de cultura. Também foi detectada uma baixa oferta de bibliotecas. Na média, existe uma biblioteca a cada 26,7 mil brasileiros.
A elite brasileira nunca se preocupou com a educação do povo, pelo contrário, tratou de deixá-lo distante dela. Num governo popular, como é o do Presidente Lula, esses indicadores precisam melhorar, apesar dos avanços recentemente conquistados, como o Piso Nacional do Professor e o aumento dos investimentos orçamentários nessas áreas, por exemplo.
A área do conhecimento é imprescindível para as metas de crescimento econômico do Brasil, pois o não aprimoramento do ensino pode comprometer a oferta futura de mão de obra qualificada. É claro que os municípios e os estados tem que fazer a sua parte, mas, sem dúvida, esse é um dos grandes desafios para os governos pós-Lula.
Li o seu artigo "Investir em Educação para crescer" e gostaria de parabeniza-lo. Atuo na área e sei que ainda há muito por fazer, que o caminho é árduo e penoso. Os projetos não se encaixam e são descontínuos e os desmandos são evidentes. A cada mandato, um novo projeto político, novas "ideias" (algumas extremamente utópicas) que irão revolucionar o país; "investimentos" que farão com que o Brasil saia das últimas colocações (de acordo com avaliação do PISA, que é um programa internacional de avaliação comparada, cuja principal finalidade é produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais) e chegue às primeiras, como em um passe de mágica. Muda-se o presidente, o governador, o prefeito - cai o secretário da Educação, e pronto: um novo projeto é instituído, novas e "mirabolantes" ideias são lançadas e os resultados, é óbvio, não aparecem. Países que hoje alcançaram notoriedade nessa área, enfatizam que qualquer projeto voltado à Educação é adotado com vistas a resultados a longo prazo. Mudam-se as bandeiras partidárias, mudam-se os interesses e o caos educacional, esse está difícil de mudar. Aparecem nesse cenário os grandes vilões: o sistema (representado pelos governos, pelos políticos, pelos projetos), os professores, os pais dos alunos, a sociedade (vinculada a problemas sociais como a má distribuição de rendas e a violência), aos próprios alunos etc.
ResponderExcluirFalar que a Educação é a base de tudo, parece clichê, mas não é. É preciso dar à Educação o seu real valor. É preciso também, no entanto, salientar que na esfera federal, houve avanços – o PROUNI, por exemplo, com o qual, jovens de baixa renda podem investir nos estudos e vislumbrar uma vida melhor. E como diria Albert Einstein, "Educação é o que resta depois de ter esquecido tudo que se aprendeu na escola".
Silvana, obrigado pelos comentários.
ResponderExcluirComo você deve saber eu sou militante do PT, fui vereador por oito anos e candidato a prefeito. Portanto, acredito na política como instrumento privilegiado de transformação da realidade.
Também, obviamente, não desconsidero os avanços do Governo Lula nessa área. Pelo contrário!
Faculdades Federais e extensão de campus no Governo Lula foram 36 contra apenas uma em oito anos de governo FHC. As CEFETs - escolas técnicas - foram implantadas nesse governo o dobro do que fizeram em toda a história do país. É por isso que o quadro é grave. Realizou-se no último período muito mais do que foi feito em 500 anos e mesmo assim ainda é pouco.
O caminho a percorrer ainda é longo. E o papel do Estado nisso é fundamental. Acho que foi isso o que quis dizer também o Marcio Pochmam, presidente do Ipea, autor do trabalho ao qual me refiro no texto. Aliás, ele também é petista.
Nós que sonhamos com uma sociedade mais justa e fraterna temos que cobrar mais investimentos públicos nessa e em outras áreas.
Obrigado e um abraço!