(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)
No final de semana passado, participei da 11ª Conferência Nacional dos Bancários, em São Paulo. Foram três dias de intensos debates sobre a conjuntura política e econômica do país, na qual se dará todo o processo de negociação com os poderosos empresários do sistema financeiro nacional.
A primeira constatação dessa análise é a de que a crise sistêmica mundial não afetou o setor bancário brasileiro, que apesar da crise, continua auferindo grandes lucros e uma rentabilidade acima de 15% ao ano. A segunda constatação importante é a de que a maior parte desses ganhos vem das chamadas operações de tesouraria, ou seja, dos ganhos com os títulos da dívida pública. Apenas os bancos estatais, BB, CEF, BNDES, BASA e BNB aumentam suas carteiras de crédito, conforme orientação do governo federal. Os bancos privados continuam querendo lucrar na moleza, e, pior, prejudicando a sociedade, já que a contração do crédito compromete o crescimento econômico e a geração de empregos.
A esperança fica por conta das avaliações sobre os cenários futuros. Segundo o economista do DIEESE, Sérgio Mendonça, um dos palestrantes do evento, o Brasil deve entrar numa nova realidade econômica, onde a taxa básica de juros será baixa e forçará os bancos a mudarem a sua atuação no mercado. Os lucros deverão diminuir, e isso é bom! Porque essa diminuição será inversamente proporcional ao crescimento das operações de crédito. Banqueiro que quiser continuar lucrando terá que emprestar mais. O grande desafio do governo e da sociedade será fazer o spread bancário baixar juntamente com a taxa básica de juros, a Selic.
Será nessa conjuntura que as negociações entre dirigentes bancários e FENABAN – Federação Nacional dos Bancos - se darão, e o debate com toda a sociedade se torna cada vez mais importante. Não estão em jogo apenas um reajuste salarial e maiores benefícios para a categoria. É necessário conquistar dos banqueiros a ampliação do horário de atendimento, com dois turnos de trabalho. Isso proporcionaria um nível maior de empregabilidade no setor e ao mesmo tempo um atendimento melhor à população, com menos filas e mais segurança. As agências bancárias podem e devem abrir as 9 e fechar as 17 horas.
Um novo modelo para o nosso sistema bancário tem que levar em conta que o setor é um dos mais lucrativos no Brasil e não apresenta um nível de oferta de empregos na mesma proporção. Alterar essa correlação lucro/empregos se constitui num dos principais aspectos para um novo sistema bancário no país, mas isso só acontecerá com o engajamento de toda a sociedade. Então, vamos à luta!
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