(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)
Segundo a ARTESP - Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transporte do Estado de São Paulo, dos 239 pontos de cobrança de pedágio no Brasil, 121 estão no estado de São Paulo. Se forem consideradas as cobranças nos dois sentidos de direção esse número sobe para 227. Nos últimos 13 anos, os pedágios em São Paulo cresceram mais de 400% e todas as praças de cobrança, novas e antigas, concedidas à iniciativa privada.
Esse custo é sentido principalmente por quem passa todos os dias pelas estradas paulistas, como os transportadores de carga, cujo Sindicato tem declarado que o pedagiamento no estado é o mais caro do mundo, pois corresponde entre 10% a 25% do custo do transporte, quando um pedágio viável deveria representar até 3%.
Para se ter uma idéia, no Rio Grande do Sul há 35 praças de pedágio, Paraná (29), Rio (23), Minas (15), Santa Catarina (7), Mato Grosso (4), Espírito Santo (2). Mato Grosso do Sul, Bahia e Ceará tem uma praça de pedágio cada um. Onze dos 26 estados brasileiros possuem estradas pedagiadas.
É inegável que São Paulo sempre teve as melhores estradas e que melhoraram ainda mais depois da instituição dos pedágios, mas isso não justifica esses valores tão altos. O impacto da cobrança recai, no final do processo produtivo, sobre o consumidor final. O frete mais o pedágio encarecem o produto e o custo é embutido no preço de venda e quem paga a conta é o consumidor.
Há quem diga que o custo de transporte elevado reduz a competitividade da indústria brasileira e podem leva-las a deixarem de fazer negócios.
Para o professor de economia da Universidade Federal Fluminense, Carlos Guanziroli, o custo de produtos de baixo valor agregado, como alimentos, materiais básicos de construção e artigos de borracha sofrem mais com o impacto dos custos de pedágio. Como exemplo, ele cita o transporte de areia. Se um caminhão com o produto custar por volta de R$ 300 e o pedágio ficar em R$ 10 ou R$ 12, o custo do transporte torna-se muito alto e impacta demasiadamente o valor do produto. Já o transporte de produtos químicos ou metal-mecânicos de alto valor não é muito afetado, porque o frete é pouco importante em relação à mercadoria.
Um estudo realizado pelo pesquisador para a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) sobre o impacto de novos pedágios na Rodovia Presidente Dutra demonstrou que quando se coloca pedágio, as pessoas procuram outro shopping, outro restaurante onde não haja essa cobrança e algumas empresas poderiam entrar em falência.
Portanto, se São Paulo quiser entrar no rumo do crescimento e ajudar o Brasil, terá que rever sua política de concessão de rodovias e suas tarifas de pedágio.
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