(artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)
Dia desses, pela manhã, eu caminhava pela Rua Coronel João Manoel em direção ao meu trabalho no Sindicato dos Bancários, quando fui abordado por uma jovem senhora em companhia de seu filho pequeno, de aproximadamente quatro anos de idade. Ela me perguntou se eu podia ajudá-la a arrumar uma vaga para a criança em uma creche, pois já tinha ido a várias delas e não encontrara lugar para matricular seu filho.
A mulher acreditava que eu ainda era vereador e quando eu lhe disse que não era mais, ela ficou um pouco desapontada. Eu perguntei se ela tinha ido ao Conselho Tutelar, ao que ela me respondeu que sim.
Não sei como terminou essa história, mas confesso que passei o resto dia pensando no drama daquela mãe.
Quando fui candidato a prefeito, em 2008, percorri vários bairros dialogando com as pessoas sobre os problemas da cidade e a falta de vagas nas creches já aparecia com bastante evidência. Lembro-me que conversei com uma mãe que era professora da rede pública, que não estava dando conta de lecionar porque não estava encontrando vaga na creche para seu filho.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que a creche é um direito da criança e não da mãe. Não importa se ela trabalha ou não. Todas as crianças têm o direito à educação infantil e ao Poder Público cabe o papel de proporcionar, com prioridade, esse tipo de serviço de forma universalizada. Mas, infelizmente, ainda temos esse tipo de problema em nossa cidade.
No dia seguinte ao meu casual encontro com a tal mãe, estive reunido com a direção de uma empresa para discutirmos a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho dos seus empregados. Num determinado momento da reunião ponderei que a empresa deveria atender a uma justa reivindicação dos empregados, sobretudo das empregadas, a ampliação da licença-maternidade para seis meses, que, aliás, deverá em breve ser aprovada no Congresso Nacional e se tornar lei.
A resposta que ouvi da representação patronal foi que a reivindicação era um absurdo. “Onde já se viu, a mulher ficar seis meses em casa para cuidar do filho? A criança recém nascida nem sabe se a mãe está ou não em casa, ela fica dormindo o tempo todo”, contra-argumentaram.
Eu, a meu turno, iniciei um discurso de preservação da vida, da necessidade de dedicação e afeto à criança, da importância de se cuidar mais das pessoas do que do lucro e da competitividade adoecedora. Mas, confesso que minha perplexidade foi maior do que meu ânimo em convencê-los do contrário. Logo me calei e passamos para outro ponto da pauta de reivindicações, mesmo porque não havia mais clima para continuarmos dialogando sobre o tema.
Para mudar a sociedade é necessário que mudemos nossos paradigmas, conceitos e pré-conceitos historicamente arraigados. É preciso que nos debrucemos sobre os temas e repensemos nossa forma de viver e conviver. Cuidar melhor de nossas crianças e de nossa qualidade de vida devem ser critérios balizadores dessas mudanças necessárias e urgentes, rumo à sociedade dos nossos sonhos, igualitária e fraterna.
È...Bebedouro passa por esse problema não é de hoje!
ResponderExcluirEu que atuo voluntariamente na Pastoral da criança vejo o drama das mães de encontrar a creche para poderem ter a oportunidade de trabalho!
As creches públicas daqui estão lotadas e é preciso que sejam construidas outras de acordo com a necessidade de cada local.
Mas, por outro lado deve-se ter um programa de administração familiar, pois nos dias de hoje a chegada de um filho deve ser planejada!