(Artigo originalmente publicado no Jornal Impacto - autor: Carlos Orpham)
Certa vez, há mais de dez anos atrás, uma pessoa da imprensa local, que fazia uma entrevista comigo para depois elaborar sua matéria sobre a campanha salarial dos bancários daquele ano, me fez a seguinte pergunta: _ Orpham, por que é que vocês falam em reduzir a taxa de juros como proposta de geração de empregos? O que é que uma coisa tem a ver com a outra?
Estávamos em pleno Governo Fernando Henrique Cardoso e a taxa selic estava em torno de 40% a.a., a mais alta desde sua criação. Para vocês verem como esse debate é antigo entre nós do movimento sindical.
Logicamente, respondi com minha visão de dirigente sindical bancário: “_ Uma taxa básica de juros mais baixa significaria mais dinheiro para o setor produtivo, mais crescimento e mais empregos, por dois motivos básicos: primeiro porque estimularia quem tem muito dinheiro aplicado nos bancos, a resgatá-lo e aplicá-lo na ampliação do seu negócio ou até mesmo em um novo empreendimento. Segundo, porque, com taxa mais atrativa, o empresário descapitalizado poderia tomar empréstimos bancários com mais tranqüilidade para abrir um novo negócio”.
Nesses seis anos e meio de Governo Lula a taxa básica de juros, a selic, vem caindo gradativamente. A última reunião do Copom aprovou sua redução para 9,25% a.a., a menor de sua história. Porém, ainda é pouco! Se nos fixarmos na taxa real (descontada a inflação) ainda temos uma das mais altas do mundo. É por isso que temos insistido com o Governo Federal sobre a necessidade de uma redução mais drástica.
Nesse trabalho de pressão sobre o governo percebemos o peso que tem as condições políticas para as grandes tomadas de decisão. Para tornar possível uma redução mais forte dos juros seria necessária uma redução na remuneração da caderneta de poupança. O que foi proposto pelo Governo Federal. Porém, setores da oposição, provavelmente movidos por interesses de especuladores, que querem os juros nas alturas, iniciaram uma campanha, chamada de “mau caráter” pelo ministro Paulo Bernardo, dizendo que o governo “mexeria” na poupança, induzindo as pessoas a pensarem que o governo faria o que fez o ex-presidente Collor de Mello quando bloqueou as contas.
No Brasil, os efeitos da crise não foram tão grandes, principalmente se comparado com alguns países europeus que tiveram perdas consideráveis em seus PIBs. Mas, segundo a OIT – Organização Internacional do Trabalho – poderá ser majorado em 30 milhões o número de desempregados em todo o mundo. Todos os países precisam, portanto, pensar alternativas para resolver esse problema. Lá fora eu não sei, mas aqui, a uma forte redução na taxa de juros se faz urgente.
e-mail: carlos.orpham@yahoo.com.br
Certa vez, há mais de dez anos atrás, uma pessoa da imprensa local, que fazia uma entrevista comigo para depois elaborar sua matéria sobre a campanha salarial dos bancários daquele ano, me fez a seguinte pergunta: _ Orpham, por que é que vocês falam em reduzir a taxa de juros como proposta de geração de empregos? O que é que uma coisa tem a ver com a outra?
Estávamos em pleno Governo Fernando Henrique Cardoso e a taxa selic estava em torno de 40% a.a., a mais alta desde sua criação. Para vocês verem como esse debate é antigo entre nós do movimento sindical.
Logicamente, respondi com minha visão de dirigente sindical bancário: “_ Uma taxa básica de juros mais baixa significaria mais dinheiro para o setor produtivo, mais crescimento e mais empregos, por dois motivos básicos: primeiro porque estimularia quem tem muito dinheiro aplicado nos bancos, a resgatá-lo e aplicá-lo na ampliação do seu negócio ou até mesmo em um novo empreendimento. Segundo, porque, com taxa mais atrativa, o empresário descapitalizado poderia tomar empréstimos bancários com mais tranqüilidade para abrir um novo negócio”.
Nesses seis anos e meio de Governo Lula a taxa básica de juros, a selic, vem caindo gradativamente. A última reunião do Copom aprovou sua redução para 9,25% a.a., a menor de sua história. Porém, ainda é pouco! Se nos fixarmos na taxa real (descontada a inflação) ainda temos uma das mais altas do mundo. É por isso que temos insistido com o Governo Federal sobre a necessidade de uma redução mais drástica.
Nesse trabalho de pressão sobre o governo percebemos o peso que tem as condições políticas para as grandes tomadas de decisão. Para tornar possível uma redução mais forte dos juros seria necessária uma redução na remuneração da caderneta de poupança. O que foi proposto pelo Governo Federal. Porém, setores da oposição, provavelmente movidos por interesses de especuladores, que querem os juros nas alturas, iniciaram uma campanha, chamada de “mau caráter” pelo ministro Paulo Bernardo, dizendo que o governo “mexeria” na poupança, induzindo as pessoas a pensarem que o governo faria o que fez o ex-presidente Collor de Mello quando bloqueou as contas.
No Brasil, os efeitos da crise não foram tão grandes, principalmente se comparado com alguns países europeus que tiveram perdas consideráveis em seus PIBs. Mas, segundo a OIT – Organização Internacional do Trabalho – poderá ser majorado em 30 milhões o número de desempregados em todo o mundo. Todos os países precisam, portanto, pensar alternativas para resolver esse problema. Lá fora eu não sei, mas aqui, a uma forte redução na taxa de juros se faz urgente.
e-mail: carlos.orpham@yahoo.com.br
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